De acordo com a ONG World Wide Foundation (WWF), cerca de 10 mil espécies de animais são extintas anualmente. Dessa forma, é possível observar que projetos de preservação de espécies pelo mundo ainda não conseguiram frear ou diminuir esses índices. Diante da questão, o Designing For the Sixth Extinction, projeto apresentado durante parte da exposição Grow Your Own – Life After Nature, em Dublin, convida as pessoas a repensar se a presença de seres vivos geneticamente criados pela tecnologia seriam importantes para perpetuar as espécies e resolver algumas questões que afetam a sociedade.
O principal objetivo do projeto é mostrar a relação entre a biologia sintética, conservação e biodiversidade através de criaturas extremamente curiosas. Com cores, texturas e tamanhos inusitados diversos, os animais sintéticos produzidos nos moldes da bioengenharia – ciência que reúne o estudo da biologia, engenharia e processos físicos e químicos – pela designer Alexandra Daisy Ginsberg, pretendem, além de trazer um novo conceito de proliferação dos seres vivos, mostrar que organismos geneticamente modificados também exercem as mesmas funções de seres vivos já existentes. O projeto reúne quatro criações de seres vivos que estabelecem funções interligadas entre si. Conheça mais sobre a função de cada um deles:
Membrana protetora de árvores
Este dispositivo trata uma doença denominada morte repentina do carvalho, uma árvore de grande porte. A doença se inicia com um minúsculo esporo que se instala no tronco dessas árvores. Quando um sensor bioquímico constata a presença da infecção na árvore, o organismo sintético começa a crescer e se transforma em uma bolha com câmara dupla, como uma espécie de proteção. A câmara interna produz um soro antipatogênico, enquanto a câmara de fora funciona como uma bomba que empurra o soro até o local da infecção. Depois de injetar o medicamento, a bomba se esvazia, desacopla-se e cai no chão da mata, onde é recolhida por uma unidade de biorremediação.
Ser vivo criado para Biorremediação
Essa criatura foi desenvolvida para executar tarefas de biorremediação, processo pelo qual são usados microrganismos ou plantas na limpeza ou descontaminação de áreas ambientais afetadas por diversos poluentes. Remanescente de uma folha ou lesma, ela se move através do chão das áreas florestais e remove a camada superior do solo em busca de concentrações elevadas de ácido provocadas pela poluição. Quando encontra um acúmulo de resíduos, ela libera um líquido alcaloide higroscópico para neutralizar a ação do poluente. A criatura possui duas bases adicionais em seu DNA, o que impede que outros animais possam devorá-la. Além disso, ela abriga um dispositivo genético de autodestruição o qual limita seu período de vida por somente 28 dias.
Pulverizador de sementes
Aparentemente este animal sintético parece um ouriço, porém seu ofício é coletar e dispersar sementes. Ele se move flexionando e contraindo seu “chassi”. Os pelos grossos e os espinhos de borracha na cor vermelha, localizados na parte superior, são programados para coletar e distribuir diversos tipos de sementes de flores e vegetais. A criatura recebe a energia dos resíduos recolhidos pela criatura responsável pela biorremediação e ainda consegue viver um pouco mais, cerca de 600 dias.
Biofilme protetor de poluentes
Localizado na superfície das folhas, Este biofilme que se autorreproduz funciona como uma camada protetora no vegetal e impede o contato de esporos de fungos e da planta com poluentes da atmosfera. As armadilhas de biofilme captam as partículas, mas não interferem no funcionamento das folhas. Quando as folhas se desprendem no início do outono, a matéria presa ao biofilme cai no solo, onde é recolhida e processada também pela criatura da biorremediação.
Todos esses experimentos da bioengenharia de certa forma atuam como defensores dos elementos das florestas, além de se manterem vivos e não precisarem de alimentos. Resta saber se a ideia vai realmente dar conta de combater os impactos ambientais.