Pesquisa contraria consenso anterior e alerta para perda de biodiversidade
Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros, publicado na revista Journal of Arid Environments, revelou que répteis (lagartos e serpentes) que vivem em solos arenosos secos e quentes serão prejudicados pelo aquecimento global, contrariando a ideia anterior de que essas espécies seriam beneficiadas devido à sua adaptação a altas temperaturas.
A pesquisa, conduzida por Júlia Oliveira, durante seu mestrado na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), e orientada por Thaís Guedes, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp), teve como foco espécies de répteis da Diagonal de Formações Abertas da América do Sul (Caatinga, Cerrado e Chaco argentino e paraguaio).
bjetivos e metodologia do estudo
O estudo tinha dois objetivos principais:
- Investigar, no clima atual, áreas de ocorrência potencial das espécies ainda não estudadas.
- Analisar, em cenários futuros (2040 e 2060), considerando condições otimistas e pessimistas de efeito estufa, como a distribuição geográfica desses animais seria afetada.
Foram utilizados mais de três mil registros de ocorrências de cinco espécies de lagartos e cinco de serpentes psamófilas, obtidos em coleções e literatura científicas, além de dados climáticos e de solo e técnicas de modelagem de distribuição.
Resultados alarmantes
Os resultados revelaram que, em todos os cenários climáticos simulados, houve predominantemente perda de área de distribuição das espécies. No cenário otimista de 2060, duas espécies de serpentes (cobra-corredeira e falsa-coral) apresentaram perda total de seu habitat, sendo consideradas extintas.
Lagartos como o lagarto-do-rabo-vermelho e o calanguinho-de-rabo-azul também sofreram reduções drásticas em suas áreas de distribuição.
Implicações e necessidade de ações
De acordo com as pesquisadoras, os resultados indicam:
- Potenciais áreas para estudos futuros de herpetologia.
- Necessidade de medidas públicas dinâmicas para a conservação das espécies.
- Importância de aumentar e expandir áreas de proteção na Diagonal de Formações Abertas da América do Sul, considerando a vulnerabilidade dos répteis psamófilos diante das mudanças climáticas.
Guedes alerta ainda para a necessidade de uma mudança na política global do meio ambiente, com países discutindo as alterações climáticas com seriedade e cumprindo acordos internacionais.
O estudo evidencia que mesmo espécies adaptadas a condições climáticas extremas podem ser severamente impactadas pelo aquecimento global, ressaltando a urgência de ações efetivas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e preservar a biodiversidade.
Com informações de Um Só Planeta.