Stockphoto.com / nevereverro Aumento da temperatura pode prejudicar o ciclo de vida das espécies.

Não é de hoje que o tema aquecimento global está em pauta dos principais governantes e pesquisadores ao redor do mundo. E recentemente, Ariel Scherrer, Presidente do Conselho da ONG Associação Mar Brasil e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, concedeu entrevista ao Programa Revista Brasil e explicou como todo o processo de aquecimento global vem se desenvolvendo e suas consequências para o presente e futuro do planeta.

Especialista em estudos voltados para a conservação de ecossistemas marinhos/oceânicos no Brasil, Ariel esclarece que o problema já existe, de fato, há quase 20 anos e revela um panorama grave para um futuro não tão distante. Como principal responsável para os avanços do processo, ele aponta a emissão de carbono e o aumento em sua produção nas últimas décadas.

“Essa Era Industrial fez com que a sociedade se organizasse de uma forma, e nós estamos causando mal para o planeta de modo geral. E o aumento da temperatura é a consequência mais óbvia que nós temos visto”, explana o pesquisador. Uma das consequências mais comuns e percebidas é a elevação de temperatura dos oceanos (principais reguladores climáticos do planeta Terra).

O problema toma proporções ainda mais prejudiciais porque o oceano é afetado, sobretudo, em camadas mais profundas, desencadeando uma série de modificações nos ecossistemas, derretimento de calotas polares, aumento do nível do mar, entre outros problemas. O resultado dessa instabilidade é a quebra no ciclo de vida das espécies, gerando dificuldades na reprodução, alimentação e na sobrevivência.

Posicionamento do Brasil e projeções para o planeta

Quando perguntado sobre o posicionamento do Brasil diante do tema, Ariel é incisivo e explica: “Nós somos consumidores vorazes, sem nos preocuparmos com a questão de como estão sendo produzidos os produtos, como é que as empresas estão sendo responsáveis na produção desses produtos. As políticas públicas estão indo na contramão, porque a valorização da matriz energética limpa não está acontecendo de uma maneira adequada.”

Muito além das fronteiras que separam o Brasil dos outros países, o aquecimento global projeta-se no modo de sobrevivência de pessoas em todo o mundo. De acordo com o cientista, uma a cada cinco pessoas no mundo, 1/5 da população mundial, depende dos recursos oceânicos (turismo, alimentação etc.) para sobreviver, e os efeitos negativos que fazem com que os oceanos se elevem 3,2 mm/ano podem desequilibrar o acesso a recursos naturais para todos.

Para as próximas gerações, estima-se que problemas como a falta de alimento, perda na biodiversidade, crise econômica, motivada em função do fortalecimento do El Niño, e as elevações do nível do mar se tornem cada vez mais sérios. Por isso, Scherrer aponta que a tomada de iniciativas sustentáveis e de novos modelos de administração conscientes deve rapidamente acontecer para mudar o rumo do planeta.