Ativistas do Greenpeace descobriram como madeireiras ilegais estão conseguindo driblar as autoridades que atuam contra o desmatamento da floresta amazônica. Serrarias fraudavam a documentação para acobertar a derrubada em áreas proibidas e ainda vendiam a madeira para vários países. Os ativistas foram até a região de Santarém, no Pará, para instalar rastreadores de GPS em caminhões suspeitos de carregar madeira ilegal. A ideia era monitorar, via satélite, o caminho até as áreas de extração.
O trabalho identificou trajetos de 320 quilômetros em áreas de preservação ambiental. A madeira era encaminhada a uma serraria no porto amazônico de Santarém, de onde ela era exportada para a Europa, Estados Unidos, China e Japão.
O grupo de ativistas ainda conseguiu descobrir como a madeira estava recebendo o certificado de legalidade. Ela passava por um processo chamado de lavagem, que consiste na utilização de permissões de outras áreas para o desmatamento de reservas naturais protegidas por lei.
Os dois primeiros meses da operação do Greenpeace foram dedicados à espionagem terrestre, no intuito de identificar a rotina de movimentação dos caminhoneiros, onde se alimentavam e abasteciam os veículos, incluindo as pontes e hidrovias mais utilizadas. Ao mesmo tempo, imagens de satélites foram cruzadas com bancos de dados existentes, para descobrir a localização dos galpões de madeira ilegal.
A partir do momento que os alvos prioritários foram identificados, oito ativistas foram encaminhados para o Pará sob o disfarce de turistas comuns. Eles foram responsáveis pela instalação dos equipamentos de GPS presos magneticamente aos caminhões.
Assim, nove rastreadores foram conectados, gerando milhares de coordenadas. Além dos dados obtidos através dos aparelhos, aviões foram utilizados para fotografar os caminhões que aguardavam suas cargas nas clareiras de extração de madeira.
De acordo com o Greenpeace, desde 2013 o desmatamento na região amazônica aumentou em 30%. A ONG responsabiliza o novo Código Florestal pela elevação dos índices depois de seguidos anos em descendência. Para abalar este mercado negro, o grupo de ativistas defende a proibição da venda de madeira oriunda da Amazônia.