O desenvolvimento industrial e social dos países sempre contrastou com a preservação ambiental. Não é de hoje que o avanço de cidades, construção de grandes usinas, entre outros fatores influenciam o meio ambiente e colocam em risco a sobrevivência de espécies. Mesmo com uma maior consciência atual das pessoas, mídia, empresas e dos próprios governos, grandes projetos continuam a desafiar os limites da natureza.
Na Austrália, o projeto de construção de uma mina de carvão na região de Adani, avaliado em US$ 16,5 bilhões, irá sair do papel após aprovação do governo local, mesmo com a ameaça a uma grande barreira de corais. “O proponente é obrigado a fornecer um plano de gestão e monitoramento das águas subterrâneas, que deve receber a aprovação de mim mesmo antes de a mineração começar”, afirmou o ministro do Meio Ambiente da Austrália, Greg Hunt, ao site do jornal The Guardian.
Perigo para a natureza
Segundo ambientalistas, a construção da mina de carvão em Adani pode afetar o ecossistema marítimo, principalmente a Grande Barreira de Corais. O problema está na emissão de substâncias tóxicas do carvão que pode acelerar a acidificação dos oceanos e, por consequência, aumentar a temperatura da água. Somente esta elevação de temperatura pode extinguir a barreira de corais.
Sobre o perigo das obras, o Grupo de Conservação Mackay também fez um alerta sobre outras espécies que vivem nos oceanos e que estão ameaçadas de extinção. “O ministro da caça está sacrificando espécies ameaçadas, como o tentilhão-de-garganta preta e recursos hídricos subterrâneos preciosos por causa de uma mina que simplesmente não se comporta economicamente”, disse a coordenadora do grupo, Ellen Roberts.
Além de grupos ambientalistas, outros setores da sociedade australiana estão preocupados com a construção da mina de carvão em Adani. “Proprietários de terras adjacentes também estão justificadamente preocupadas com os impactos sobre a sua propriedade, por conta dos milhões de litros de água que serão retirados a partir de recursos hídricos subterrâneos preciosos”, complementou Roberts.
Promessas serão cumpridas?
Para viabilização do projeto, a empresa responsável pela construção da mina de carvão de Adani assumiu o compromisso de “proteger e melhorar” uma área de proteção ambiental de 31 mil hectares onde vivem espécies raras e ameaçadas de extinção, como o passarinho-preto-do-sul. O motivo? A mina de carvão será construída justamente em um dos últimos redutos remanescentes da espécie. Além disso, outro projeto de proteção ambiental da espécie de cobra Yakka Skink será colocado em prática em uma área de 135 hectares. Também caberá a responsável pela obra o pagamento de um milhão de dólares (em dez anos) para projetos de proteção de espécies que vivem na bacia de Galileia.
“Numa altura em que o mundo está procurando desesperadamente opções energéticas mais limpas, esta enorme nova mina de carvão vai deixar o combate às mudanças climáticas, ainda mais difícil”, disse o presidente da Australian Conservation Foundation, Primos de Geoff.
A mina de carvão deve começar sua produção em 2017 e terá uma capacidade de extrair até 60 milhões de toneladas de carvão por ano.