Enquanto tendências mundiais tentam criar soluções sustentáveis para problemas de abastecimento e energia, em alguns países os investimentos ainda são em estruturas que agridem o meio ambiente. A revista científica Science apresentou a denúncia de 40 especialistas na área ambiental sobre o risco que barragens construídas em rios representam para as espécies de peixes que vivem nesses locais.
No Brasil, eles apontam que somente a represa da hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída na bacia do Rio Xingu, município de Altamira, Pará, coloca em risco 50 espécies de peixes que só existem nessa região. Além de diminuírem a biodiversidade no local, a construção de represas impede a circulação de populações fluviais e interferem nos ciclos migratórios de inúmeras espécies.
Os pesquisadores, liderados pelo ecologista Kirk Winemiller, professor da Universidade Texas A&M (EUA), denunciam que essas barragens são grandes investimentos em países em desenvolvimento, mas que, mesmo quando estudos ambientais são feitos para avaliar as regiões, eles acabam não servindo para nada, já que governantes e empresários só consideram os benefícios econômicos e políticos dessas obras.
A obra de Belo Monte é alvo de inúmeras denúncias, entre elas a da organização Survival, focada nos direitos dos povos indígenas, que aponta que os meios de subsistência desses povos estão ameaçados na região, além da perda territorial que eles sofrem. Em matéria veiculada pelo El País, Winemiller afirma que “esse polêmico projeto está quase terminado e vai alterar radicalmente o rio, sua ecologia e a vida da população local, especialmente das comunidades indígenas que dependiam dos serviços que o ecossistema do rio proporciona”.
O estudo também aponta que essas obras são fontes de gastos alarmantes: em 75% dos casos de construções de grandes represas houve estouros no orçamento. A denúncia vem com um pedido para que avaliações de impacto ambiental sejam feitas de forma séria e sejam levadas em consideração para as próximas grandes construções.