Há tempos diversas entidades ecológicas e vários setores da sociedade têm alertado sobre o verdadeiro drama de preservação ambiental que infelizmente atinge o Planeta Terra. Do aquecimento global provocado pela emissão de gases tóxicos (como o CO2, principalmente), passando pelo desmatamento de florestas e poluição de rios e mares, o assunto merece ser discutido com mais frequência e medidas precisam ser tomadas para reverter este cenário catastrófico e que coloca em risco a existência da humana e de várias outras espécies.
Este panorama é crítico e alguns dados são alarmantes, como os divulgados pela rede WWF. Seu relatório Living Blue Planet Report aponta que, nos últimos 40 anos, metade da biodiversidade marinha foi reduzida e hoje se encontra em um estado preocupante, principalmente em relação à preservação de espécies raras e também à segurança alimentar da humanidade. A WWF fala em “colapso total” se medidas drásticas não forem tomadas.
O estudo apresenta uma situação crítica nos mares e oceanos da Terra, com até 75% de populações de peixes consumidas pela humanidade em declínio ao longo das quatro últimas décadas, sendo este cenário responsabilidade de todos os países do mundo, mas principalmente daqueles em desenvolvimento acelerado.
Segundo a WWF os principais líderes globais precisam urgentemente propor soluções para recuperação dos habitats naturais costeiros dentro do relatório de “Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS)” das Nações Unidas, e que será apresentado no final de setembro em meio às discussões de um novo acordo climático.
Tragédia ambiental
“Publicamos este estudo com urgência para trazer a mais atualizada fotografia do estado dos oceanos. No espaço de uma única geração, a atividade humana prejudicou seriamente os oceanos, pescando mais rapidamente do que a velocidade de reprodução dos peixes, ao mesmo tempo em que destruímos seus berçários. Precisamos de mudanças profundas para garantir vida oceânica abundante para as futuras gerações”, afirmou Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional.
Ainda de acordo com dados do relatório, espécies marinhas fundamentais para pesca comercial e de subsistência foram reduzidas nos últimos 40 anos. Peixes como bonitos, atuns e cavalas já apresentam queda acentuada de 74% da população em todo o mundo. “Estamos em uma verdadeira ‘corrida para pegar peixes’ que pode acabar com pessoas famintas, sem uma fonte de alimento vital, impactando numa engrenagem econômica muito importante”, declarou Lambertini.
E completou: “A sobrepesca, a destruição dos habitats marinhos e as mudanças climáticas terão consequências para toda a população humana, sendo que as comunidades mais pobres serão as mais afetadas. O colapso dos ecossistemas oceânicos seria o estopim de um declínio econômico seríssimo – e enfraqueceria a nossa luta para erradicar a pobreza e a desnutrição”, afirmou.
Todos os dados foram obtidos através de pesquisadores da Sociedade de Zoologia de Londres (ZSL) através da base de informações Living Planet Index.
Problemas também com algas, corais e manguezais
Dentro da biodiversidade marinha que caiu pela metade nos últimos 40 anos, populações de algas, corais e manguezais também foram afetadas: 34% de redução. Importante lembrar que recifes de corais, algas marinhas e manguezais são fundamentais para a sobrevivência dos peixes em si. Relatório da WWF alerta que, no caso dos recifes de corais, a extinção total pode ocorrer em 2050 se nada for feito a respeito e também devido às mudanças climáticas. Estima-se que 25% de todas as espécies marinhas viva em recifes de corais, sendo que mais de 850 milhões de pessoas dependem da sobrevivência da espécie.
“O oceano é uma parte integral de nossas vidas. Nós estamos vivos por conta do ar puro, da água e de outros serviços que ele oferece. Mais que isso, nós estamos cercados pelo oceano e sua vida selvagem, e podemos perceber isso seja numa viagem para o litoral, seja visitando um aquário ou zoológico. Este estudo sugere que bilhões de animais foram varridos dos oceanos durante a minha vida. É um terrível e perigoso legado para deixar para os nossos netos”, complementa Ken Norris, diretor de Ciências da ZSL.
Mudanças climáticas
Sobre as mudanças climáticas, o aumento da temperatura da água e também da acidez provocada pelos gases tóxicos presentes na atmosfera são fatores que influenciam diretamente em diversos habitats naturais da população marinha.
“A boa noticia é que as soluções existem e nós sabemos o que precisa ser feito. O oceano é um recurso renovável que pode estar disponível às futuras gerações se lidarmos hoje com as pressões ambientais de maneira adequada. Se vivermos dentro de limites sustentáveis, o oceano vai contribuir com a segurança alimentar, a economia e os nossos sistemas naturais. A equação é simples. Devemos pegar essa oportunidade de ajudar os oceanos e reverter os danos enquanto podemos”, disse Lambertini.
Existe solução?
Segundo o Living Blue Planet Report e outro estudo feito pelo WWF, para um dólar que é investido em áreas marinhas protegidas, três dólares podem ser “devolvidos” em forma de benefícios como manutenção de empregos, produção pesqueira etc. Benefícios podem variar entre U$ 490 e U$ 920 milhões até 2050. Além disso, líderes globais prometeram assinar uma “Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030”, que visa reduziro da pobreza em todo o mundo e também aumentar a segurança alimentar, dois tópicos diretamente relacionados com a saúde dos mares e oceanos.