O Brasil registrou uma significativa redução nas emissões de gases de efeito estufa em 2023, alcançando o menor nível em 15 anos. Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, o país emitiu 2,3 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente, uma queda de 12% em relação a 2022.
Amazônia lidera a redução de emissões
A principal razão para essa diminuição foi a retomada do controle do desmatamento na Amazônia. O bioma amazônico apresentou uma queda de 30,63% na perda de vegetação em comparação com o período anterior, contribuindo com 24% na redução das emissões nacionais. Esta é a maior baixa desde 2009, ano em que o Brasil registrou a meno emissão de sua série histórica iniciada em 1990.
Desafios em outros biomas
Apesar do progresso na Amazônia, outros biomas brasileiros apresentaram aumento nas emissões. O Cerrado registrou um aumento de 23%, a Caatinga 11%, a Mata Atlântica 4%, o Pantanal 86% e o Pampa 15%. Bárbara Zimbres, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), alerta para a necessidade de soluções urgentes para esse “vazamento” de emissões para outros biomas.
Setor agropecuário: líder em emissões
A agropecuária continua sendo o maior emissor de gases de efeito estufa no Brasil, representando 28% das emissões brutas do país em 2023. O setor registrou seu quarto recorde consecutivo de emissões, com um aumento de 2,2%, principalmente devido ao crescimento do rebanho bovino. Gabriel Quintana, analista de ciência do clima do Imaflora, destaca o desafio de alinhar a mitigação das emissões com a eficiência da produtividade.
Energia e transporte: leve aumento
O setor de energia apresentou um aumento modesto de 1,1% em suas emissões, impulsionado pelo maior consumo de óleo diesel, gasolina e querosene de aviação. Isso resultou em um aumento de 3,2% nas emissões do setor de transporte, atingindo um recorde histórico.
Perspectivas para o futuro
David Tsai, coordenador do SEEG, ressalta que a redução nas emissões é uma boa notícia e coloca o Brasil na direção de cumprir seu plano climático para 2025. No entanto, ele alerta para a necessidade de políticas mais robustas em outros setores além da Amazônia. A atualização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil, prevista para a COP29 em Baku, Azerbaijão, será fundamental para estabelecer um plano de descarbonização consistente e transformador para a economia brasileira.
Com informações de Revista Exame