Com 110 mortos e 238 pessoas desaparecidas, acidente gera consequências graves na preservação do meio ambiente.
Depois de Mariana em 2015, Brumadinho (MG) também sofreu com o rompimento da barragem de rejeitos e se encontra com boa parte da cidade imersa em uma lama formada por resíduos da mineradora Vale e água (pluma). Após se juntar ao rio e atingir o solo da cidade mineira, a lama tomou proporções maiores e tem se propagado nos rios da região eliminando a vida aquática e causando severos prejuízos ao meio ambiente.
Brumadinho devastado
Após o rompimento da barragem na sexta-feira (25) na Mina Córrego do Feijão, a lama que afetou gados, casas e veículos da cidade de Brumadinho, demarcou e devastou aproximadamente 125 hectares de florestas, segundo levantamento do Corpo de Bombeiros local. O que se iguala a aproximadamente a 125 campos de futebol atingidos pelos resíduos da mineradora, que também teve suas instalações atingidas.
Contabilizando 110 mortes e com um número ainda incerto de pessoas soterradas, a lama que atingiu a cidade está em constante avanço por meio dos rios e afetando, mesmo que indiretamente, a vida de outros povoados que dependem da vida aquática para sobreviver. Como é o caso do rio Paraopeba, um dos afluentes do rio São Francisco, que alimenta a aldeia Naô Xohã, formada por 27 famílias que têm a pesca como uma das principais formas de sobrevivência e alimentação. Os índios que vivem à margem do rio dependiam dos peixes que antes habitavam a afluente e que agora estão com odor e mortos.
Impactos no meio ambiente
A barragem com um volume estimado de 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos, causou danos ao meio ambiente irreparáveis. Após uma prévia perícia ambiental realizada no local, foi possível constatar que um grande volume de lama atingiu a vegetação remanescente da Mata Atlântica, considerado um dos biomas de maior biodiversidade.
A água antes consumida por animais diretamente no rio, se tornou imprópria para consumo e reduziu a disposição de oxigênio na água, o que afetou em cheio plantas e animais aquáticos. Além disso, o solo afetado tem uma grande chance de ter suas características alteradas, já que ao secar, a lama formará uma camada dura que afetará a fertilidade da terra.
Brumadinho e Mariana
A barragem de Brumadinho, construída em 1976, se encontrava desativada e com nenhuma atividade operacional. Porém, por não sofrer manutenção e ter um grande volume, se rompeu liberando os rejeitos assim como aconteceu na cidade de Mariana (MG), em 2015, integralmente afundada em lama.
Segundo a mineradora responsável por ambas as barragens, a Vale, assegurou que a obstrução possuía segurança física e hidraúlica. Além disso, a empresa ainda ressaltou que a lama liberada não é tóxica ao meio ambiente.
Com uma produção de 40 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, a mineradora pode ser condenada a pagar uma multa de R$ 60 bi pelo rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho. E, além disso, após reunião com o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, afirmou que fechará 10 barragens que utilizam o mesmo método de armazenamento que a de Brumadinho e Mariana.