A indústria de biomassa, especialmente a produção de pellets de madeira, tem se expandido globalmente nos últimos anos, prometendo energia renovável e desenvolvimento econômico para comunidades carentes.

No entanto, essa expansão tem gerado preocupações crescentes sobre seus impactos ambientais e sociais.

Apesar de ser promovida como uma fonte de energia renovável que reduz as emissões de carbono, pesquisas recentes têm questionado essa afirmação. Estudos indicam que a queima de biomassa sólida para gerar eletricidade muitas vezes emite mais carbono do que a queima de carvão.

John Sterman, do MIT, e seus colegas calcularam que seriam necessários entre 44 e 104 anos para que novas árvores absorvessem tanto CO2 quanto o gerado pela bioenergia da madeira que substitui o carvão.

Além disso, há preocupações sobre o impacto da indústria nas florestas. Embora as empresas afirmem usar madeira de baixo valor, evidências sugerem que há desmatamento significativo ao redor das fábricas de pellets.

Christopher Williams, da Universidade Clark, encontrou taxas de perda florestal mais do que dobradas perto de fábricas de pellets em comparação com regiões similares sem fábricas.

Impactos nas comunidades locais

As comunidades próximas às instalações de pellets de madeira têm relatado impactos negativos devido à poluição do ar, tráfego e ruído. Em muitos casos, essas fábricas estão localizadas perto de comunidades marginalizadas com pouco poder político. Em Hamlet, Carolina do Norte, por exemplo, 90% da população mais próxima à fábrica da Enviva é negra, levantando questões de racismo ambiental.

Residentes como Debra David, de Hamlet, relatam problemas respiratórios e outros problemas de saúde que atribuem à poluição da fábrica. Organizações ambientais e comunidades têm apresentado queixas contra operadores de pellets, resultando em algumas vitórias, como a instalação de dispositivos mais sofisticados de captura de poluição.

Buscando soluções e compromissos

Apesar dos desafios, algumas comunidades têm conseguido negociar com as empresas de biomassa para mitigar os impactos negativos. Em Adel, Geórgia, ativistas comunitários chegaram a um acordo com a Spectrum Energy para implementar medidas de controle de poluição do ar e reduzir o impacto visual e sonoro de uma nova fábrica.

Essas negociações representam uma vitória parcial para as comunidades locais, mas o debate sobre os impactos dos pellets de madeira continua a se intensificar à medida que a indústria se expande globalmente. É crucial que haja um equilíbrio entre as necessidades energéticas, o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente e das comunidades locais.

Com informações de: Revista Nature