Em um estudo divulgado pela revista Nature Reviews Cancer, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) expuseram um mapa mundial da poluição atmosférica, apontando que as áreas que apresentam desenvolvimento científico são mais capazes de adotar medidas para reduzir as taxas de substâncias tóxicas lançadas no meio ambiente.
Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Mariana Veras, Ligia Vizeu Barrozo, Paulo Saldiva e Laís Fajersztajn consultaram as informações fornecidas pelo site do Banco Mundial, reunidos na base de dados Web of Science (mantido pela agência de notícias Thomson Reuters) e, a partir deste levantamento, foram cruzados os números de densidade populacional de 2009 e poluição emitida anualmente, conseguindo, assim, subsídios para tal afirmação.
Países desenvolvidos como Estados Unidos (EUA), Canadá e grande parte das nações europeias apresentaram menores índices de substâncias poluidoras, variando de 5 a 20 microgramas de material particulado inalável por metro cúbico de ar, ou seja, estas regiões estão de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que diz que os números não podem ultrapassar 20 microgramas por m³.
Na pesquisa os cientistas indicam que a emissão de poluentes está diretamente conectada a propagação de conhecimento e evolução científica, pois, ao contrário das nações educacional e tecnologicamente avançadas, América do Sul, norte da África e regiões próximas da Índia e China apresentaram entre 71 e 142 microgramas de partículas a cada m³, isto é, a evidência de que locais menos desenvolvidos nestes setores sofrem com maior grau de disseminação de toxinas.
Devido à limitação de recursos, os Estados em desenvolvimento só puderam contribuir com apenas com 5% da pesquisa, sendo assim, grande parcela da matéria-prima foi coletada em estudos americanos ou da Europa. Entre os dados compilados, os especialistas examinaram informações sobre mortes prematuras relacionadas diretamente à poluição atmosférica e falta de saneamento básico.
É necessário informar que a metodologia utilizada no mapa agrupou áreas muito vastas, como, por exemplo, Brasil e EUA estão reunidos na mesma zona de avaliação, ou seja, muitos dados são generalizados, reduzindo a precisão das afirmações. Exemplificando, o nosso país possui condições ambientais que nem sempre se assemelham ao longo de sua extensão, análise que também serve aos estadunidenses.
Porém, a revista The Lancet Oncology, mostrando preocupação com os danos que a poluição causa à saúde, divulgou um estudo afirmando que as chances de se ter câncer aumentam em 50% a cada 10 microgramas por metro cúbico de material particulado inalado. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) corrobora com a informação ao garantir que a exposição a poluentes será a principal causa de mortes precoces até 2050. Portanto, para que não seja nocivo respirar no futuro, iniciação à ciência e difusão de conhecimento devem ser as “vacinas” para as novas gerações de cidadãos.