Recentemente, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Taubaté (Unitau), com colaboração do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo (EEL-USP) e da University of Toronto Scarborough, do Canadá, revelou que as mudanças climáticas podem influenciar o comportamento do beija-flor.
Segundo os pesquisadores, o aumento da temperatura causa a diminuição da taxa metabólica de beija-flores – a quantidade de oxigênio consumido necessário para produzir energia – e, com isso, diminui a frequência de batimentos de asa das aves. Dessa forma, elas passam a voar menos e diminuem a procura por néctar em flores.
Foram estudadas oito espécies de beija-flores encontradas em diferentes níveis de altitude no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. Dentre elas estão: o beija-flor rajado (Ramphodon naevius), o topetinho-verde (Lophornis chalybeus), o beija-flor de topete (Stephanoxis lalandi), o beija-flor de papo branco (Leucochloris albicollis), o beija-flor de fronte violeta (Thalurania glaucopis), beija-flor rubi (Clytolaema rubricauda), beija-flor de garganta verde (Amazilia fimbriata) e o beija-flor preto (Florisuga fusca).
A seleção desse grupo de aves aconteceu com base na alta taxa metabólica, relacionada com fatores ambientais, como temperatura e altitude. A fim de simular os efeitos das variações climáticas nesses animais, os pesquisadores usaram como referência o nível climático de altitude da região do Vale do Paraíba, que varia de três metros a 1,8 mil metros de altitude.
Nessas regiões, com diferentes níveis de elevação de altitude e temperatura variável entre 10 e 30 ºC, eles avaliaram a taxa metabólica em campo de beija-flores rubi (Clytolaema rubricauda) – uma das três espécies encontradas ao longo de todo o Vale do Paraíba.
Para isso, usaram um sistema em que o beija-flor é capturado e colocado dentro de uma câmara com um alimentador e um poleiro que serve de balança para indicar o peso do animal.
Para conseguir se alimentar da solução de sacarose, a ave precisava voar e inserir a cabeça dentro do tubo de plástico do alimentador, que funciona como uma máscara respiratória, com passagem de 2,5 mil mililitros (ml) de ar por minuto.
Dessa forma, foi possível analisar a temperatura, além do volume de oxigênio consumido e o total de dióxido de carbono produzido pela ave durante o voo pairado. Uma das constatações dos experimentos foi, justamente, que o aumento da temperatura diminui a taxa metabólica do beija-flor rubi, porque ele procura mais sombra para permanecer em repouso e voa menos para manter seu metabolismo e diminuir o gasto energético.