O crescimento econômico chinês é um fenômeno consolidado. Estamos de olho no gigante asiático com sua indústria de ritmo acelerado e uma população de aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas cada vez mais apta a consumir. O lado negativo desta história fica por conta dos índices alarmantes da poluição atmosférica registrados no país e seus impactos na saúde dos chineses.
Segundo estudo publicado em julho de 2013 no periódico científico Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, baseado em estatísticas de 1981 a 2001, a poluição atmosférica na China é tão drástica que poderá reduzir em 5,5 anos a expectativa de vida dos cidadãos que habitam o norte do país. Se realizada a soma dos 500 milhões de habitantes da área, chegamos ao assustador número de 2,5 bilhões de anos de vida perdidos.
A exposição a níveis exorbitantes de poluentes no ar não se restringe, porém, a quem mora no norte do país. A máxima registrada em 2013 ocorreu entre janeiro e fevereiro, quando a concentração de poluentes no ar chegou a 886 microgramas de partículas por metro cúbico, valor 35 vezes maior do que os 25 microgramas considerados seguros para a saúde humana. Apesar de o governo chinês ter iniciado medidas de combate à poluição atmosférica, esses números continuando crescendo, ano após ano.
Tamanha poluição causa doenças respiratórias, além de agravar uma série de outras enfermidades, provocando milhares de mortes por ano. Segundo estudo recente realizado com o apoio da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, no ano de 2010, pelo menos 1,2 milhão mortes foram causadas diretamente pelos efeitos da poluição atmosférica na China.
Um dos maiores agentes da má qualidade do ar chinês é a matriz energética do país, baseada, principalmente, na queima de carvão. Segundo estudo realizado pelo World Resources Institute, 79% da demanda de energia do país asiático advém da queima anual de, aproximadamente, 3,3 milhões de toneladas de carvão.
Outro agente que afeta diretamente a atmosfera da China é a emissão de poluentes por veículos automotivos. O maior desafio é substituir os carros antigos por novos, já que a diferença de emissão de poluentes entre eles pode chegar a 400%. Nas maiores cidades do país, existem programas governamentais que oferecem subsídios para incentivar a troca de modelos antigos por mais novos. Pequim, por exemplo, tem um programa de descarte próprio cujo objetivo é livrar a cidade de meio milhão de veículos antigos até o final de 2015.
Além de ambientalmente intolerável, o modelo chinês de desenvolvimento é, também, economicamente prejudicial: em 2005 foram gastos 112 bilhões de dólares, reflexo da perda de horas de trabalho. É um aumento de mais de 400% em relação a 1975, quando o prejuízo foi de 22 bilhões de dólares. Atualmente, segundo dados oficiais do governo chinês, a China gasta US$ 91 bilhões ao ano com proteção ambiental, cerca de 1,3% do PIB. Especialistas, porém, estimam que é preciso mais investimentos para que a despoluição seja realmente eficaz, algo entre 2% a 4% do PIB, ou US$ 500 bilhões ao ano.