A natureza demonstra sua perfeição até mesmo nos menores detalhes. Imaginar que existam milhares de seres pequeninos, como as espécies de mini sapos recém descobertas na Mata Atlântica brasileira, que são tão importantes para o equilíbrio ambiental como qualquer leão ou tigre é impressionante.
A média de tamanho dos pequenos não passa de 1 centímetro. Os sapinhos pertencem ao gênero Brachycephalus. Alguns são adaptados para se parecerem com os trocos das árvores e possuem coloração marrom, já outros podem possuir cores muitos excêntricas como laranja e amarelo limão.
O gênero Brachycephalus foi descrito pela primeira vez em 1824, e desde então, vinte e uma espécies nominais foram adicionadas ao grupo. Dessas, mais da metade foi descoberta apenas nos últimos 15 anos. Isto demonstra que ainda é possível que uma grande diversidade de seres identificados com esse gênero ainda não tenha sido sequer descoberta.
Liderados por Marcio Pie, os pesquisadores fizeram um extenso trabalho de campo na Mata Atlântica dos estados do Paraná e de Santa Catarina. A pesquisa compreendeu o recolhimento de amostras, estudo da morfologia dos sapos e sequenciamento de DNA para a confirmação das descrições originais.
A variação nas cores foi um dos focos de estudos dos cientistas e encanta por suas peculiaridades. A espécie mariaeterezae se destaca no quesito beleza com sua listra azul claro ao longo da circunferência do corpo. Essa listra nunca tinha sido observada em nenhum outro membro desse gênero.
Pie explica que essas espécies foram encontradas em pequenos intervalos em regiões altas das montanhas. Sua característica altamente endêmica é resultado da adaptação ao seu habitat e isso limita sua propagação a outros ambientes.
O endemismo contribui para o aparecimento de espécies tão variadas, mas também aumenta a probabilidade de rápida extinção, já que alterações climáticas naquela região podem representar o extermínio de toda uma espécie. Documentar a existência desses animais torna-se, portanto, um trabalho muito importante e deve vir junto com planos de preservação das espécies.
Os pesquisadores agora lutam para conseguir tornar a região, que consideram um “berço evolucionário de espécies”, uma área de conservação ambiental. Para isso, estão em contato com agências de proteção ambiental estaduais e federais.