Existe uma consequência do aumento populacional que, embora não esteja todo o tempo nas manchetes, merece total atenção. Quanto maior a quantidade de pessoas no mundo, maior também é a necessidade de áreas para sepultamentos. E, na esteira com o avanço dos cemitérios, surge uma série de problemas de caráter ambiental.
Já existe a consciência de que os cemitérios tradicionais – aqueles em que os corpos são colocados em caixões de madeira e enterrados – causam uma série de impactos ao meio ambiente. Tanto que, desde 2003, o Conselho Nacional do Meio Ambiente exige uma licença ambiental para a construção de novos cemitérios. Dentre os danos causados estão a poluição do solo pelo acúmulo de substâncias provenientes do processo de decomposição e pelos objetos enterrados junto aos corpos e, também, a poluição de canais freáticos.
É neste contexto que os cemitérios verticais surgem como soluções. Além de minimizar os impactos no solo e na água, estas estruturas permitem que sejam realizados procedimentos corretos do ponto de vista sanitário e simbólico (com um espaço para que as famílias possam visitar as lápides de seus entes queridos). Estes locais, que mais se assemelham a edifícios, são especialmente preparados para armazenarem urnas funerárias, sem que seja necessário enterra-las.
Para que todas as substâncias decorrentes do processo de decomposição, com destaques para os líquidos e gases gerados neste processo, possam ter a destinação correta, os cemitérios verticais contam com tubos especiais acoplados aos espaços destinados às urnas, os chamados lóculos (em latim loc, que significa cavidade).
O primeiro cemitério vertical da América Latina, o Cemitério São Miguel e Almas, foi inaugurado em 1930 em Porto Alegre. Atualmente, é possível encontrar cemitérios verticais em cidades como São Paulo, Santos, Fortaleza, Brasília e Curitiba. E se pelo menos for levado em conta o aspecto ambiental, pode ser considerado o modelo de sepultamento do futuro.