Com o crescimento da produção de etanol no Brasil, a linha de subprodutos deste processo passou a ganhar importância comercial no cenário nacional. Um dos principais resíduos da indústria sucroalcooleira, a vinhaça, também conhecida como vinhoto, tem sido utilizada em larga escala na alimentação de animais, produção de metano e, principalmente, fertilização de solos. Rica em potássio, magnésio, cálcio, enxofre e micronutrientes, a vinhaça é aplicada como fertilizante nas próprias plantações de cana de açúcar.
Apesar dos valores nutricionais da vinhaça serem conhecidos desde a década de 1950, seu uso teve início somente vinte anos após, devido ao encarecimento dos fertilizantes químicos e à proibição do descarte deste resíduo nos rios. Essa proibição também foi aplicada aos demais subprodutos do álcool, considerando o alto impacto de sua eliminação no meio ambiente. O bagaço, a torta de filtro, a levedura seca, o melaço e outros resíduos passaram a ser utilizados na fertilização dos solos, alimentação humana e animal e na cogeração de energia.
A correta aplicação da vinhaça nas lavouras, no entanto, é fundamental para que a prática não se torne uma ameaça ao meio ambiente. Isso porque, quando despejado na natureza, esse líquido favorece a proliferação da mosca do estábulo, inseto que se alimenta do sangue de bovinos e animais domésticos, podendo levá-los à morte. Além dos prejuízos para a pecuária, o composto pode contaminar lençóis freáticos, lagos e rios.
Segundo pesquisadores, mesmo depois de tratada, a vinhaça ainda apresenta poluentes. Por este motivo, a dosagem do fertilizante deve obedecer aos critérios e normas estabelecidas pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). A regulamentação do uso também determina a necessidade de impermeabilização de canais e reservatórios, para evitar a contaminação.