O Brasil abriga cerca de 10% de todas as espécies que compõem a biodiversidade do planeta. Por conta disso, o país é um grande alvo de traficantes de animais, que, geralmente, atuam nas regiões norte, nordeste e centro-oeste do território nacional e escoam seus alvos pelos estados mais ao sul.
Segundo a Rede Nacional de Combate do Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), de cada dez animais capturados, apenas um sobrevive, sendo que as aves correspondem a 82% das espécies traficadas.
Ao analisar o panorama atual e perceber que não há dados oficiais que possibilitem combater com precisão o tráfico de animais selvagens no Brasil, Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em parceria com 27 conselhos regionais, resolveu criar um aplicativo para ajudar os usuários do Facebook a identificarem animais em extinção e denunciar práticas ilegais.
A ferramenta, batizada de Extintômetro, apresenta fotos das 627 espécies brasileiras extintas ou ameaçadas de extinção. Além disso, traz informações de como denunciar o tráfico de animais em cada estado da federação.
“Acreditamos que uma reação efetiva contra o tráfico exige pelo menos dois movimentos: os órgãos do governo responsáveis por fiscalizar e coibir esse crime precisam estar mais bem estruturados e a sociedade deve se envolver no combate ao tráfico de animais selvagens, que vem provocando danos irreversíveis à biodiversidade”, explica Benedito Fortes de Arruda, presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Para o CFMV, há um descompasso entre fiscalização, repressão ao crime e proteção das espécies. Corrobora com as suspeitas do conselho o fato de a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ter registrado cerca de 100 mil apreensões de animais selvagens traficados nas estradas brasileiras, entre 2006 e maio de 2014.
Outro atenuante foi a divulgação do Relatório Planeta Vivo 2014, publicado pela WWF no final de setembro. De acordo com o estudo, nos últimos 40 anos, 52% das espécies de animais vertebrados foram extintas. Na América Latina o problema é ainda maior, com a porcentagem de perdas na casa dos 83%.