A crise da água, que afeta principalmente a região sudeste, poderá impactar diretamente na produção e oferta de alimentos no país. É o que aponta o diretor-geral da agência da ONU para agricultura e segurança alimentar (FAO), José Graziano da Silva.
Segundo ele, a safra brasileira passa por um momento de grande queda e a falta de chuvas pode inflacionar ainda mais os preços nos supermercados.
Silva reforçou sua opinião durante a cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), na Costa Rica. Segundo ele: “Estamos tendo uma quebra enorme da safra de todos os produtos. Até mesmo da cana-de-açúcar, que é bastante insensível ao regime de chuvas. Isso vai resultar em aumento de preços”.
O diretor-geral desta agência da ONU chamou a atenção para o problema em âmbito global: “Há uma irregularidade da produção. Situações de seca, que antes se repetiam a cada cem anos, agora ocorrem a cada 20 anos.” José Graziano da Silva também disse: “O Brasil tem alguns estoques bons, como o de milho, fruto da boa colheita do ano passado, mas não tem em outras áreas. Precisa até importar trigo”.
Outro ponto levantado foi a necessidade da criação de estoques em áreas carentes e promover culturas mais produtivas, que possam resistir mais tempo durante os períodos de seca.
O diretor também frisou que o problema é mais grave na região sudeste do Brasil. “Estiagem prolongada prejudica a agricultura e expõe deficiência no planejamento de grandes cidades do Sudeste”, declarou.