Se há 50 anos alguém afirmasse que o Brasil – o país da Amazônia e dos inacabáveis recursos naturais – passaria por uma grave crise de água, a ponto de consumir o considerado volume morto das represas, este alguém possivelmente seria internado em algum centro para tratamento psicológico.
Mas os tempos foram passando e a natureza se transformando, até que em 2014 o consumo agressivo da água trouxe à tona as consequências da utilização do recurso de maneira irresponsável, fazendo com que o país entrasse em estado de alerta por conta de um dos seus maiores períodos de seca já registrados. O reflexo da situação pode ser – e é até hoje – acompanhado por meio das multas impostas pelo governo para cidadãos que ultrapassassem os limites no consumo de água e os intervalos de racionamento aplicados em diversas regiões do Brasil.
Passados quase dois anos desde quando a seca foi confirmada pelas autoridades, a situação dos reservatórios apresentou grandes sinais de evolução. Sobretudo, no Sudeste, por exemplo, os sistemas de abastecimento têm alcançado níveis de estabilidade muito bons e o aumento e intensidade dos períodos chuvosos ajudaram o governo a controlar a distribuição dos recursos.
Por meio de campanhas e ações de conscientização, o problema com a água vem sendo tratado com maior enfoque. Afinal, a água é uma necessidade de todos (governantes, população, animais, natureza etc.). Ainda que todos os movimentos não sejam suficientes para sanar o problema, as iniciativas têm fundamental importância para incentivar novas soluções.
Acompanhe abaixo a situação de quatro dos principais reservatórios e sistemas do país que mais sofreram e ainda sofrem com a crise hídrica:
Reservatório Cantareira (São Paulo)
No Estado de São Paulo, o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 8,8 milhões de habitantes, foi alvo dos holofotes, já que chegou a atuar com o impressionante número de 8,2% de volume de água no dia 15/05/2014. Após os intensos períodos de chuva e a temporada tropical de verão, o reservatório registra agora o nível total de 63,6% – mesmo que os especialistas alertem que as condições atuais ainda não são as ideais.
Represa Paraibuna (Vale do Paraíba)
Localizada na região do Vale da Paraíba, a Represa Paraibuna foi um dos pontos mais afetados pela crise hídrica até um ano atrás, quando chegou a ‘zerar’ no começo de 2015. Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), a represa melhorou consideravelmente e, em dezembro, apresentou constante melhora e estava no nível de 10,33% de água. Hoje, o volume apresentado em fevereiro ultrapassa os 50%.
Sistema Paraopeba (Minas Gerais)
No Estado de Minas, o sistema Paraopeba foi o responsável por “representar” os mineiros durante os meses de maior gravidade da crise. Segundo informações da COPASA (Cia de Saneamento de Minas Gerais), os reservatórios do Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores sofreram significativas perdas em seu volume.
O sistema, que chegou a registrar a perda de aproximadamente 49% de seu volume de água (entre 21/03/2014 e 21/03/2015), hoje atua com cerca de 78% do volume hídrico que possuía quando a crise começou.
Reservatório Sobradinho (Bahia)
De acordo com dados oficiais da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), o reservatório Sobradinho chegou a atingir o volume de 1,6% em novembro do último ano, a pior marca registrada em 80 anos. Apesar de as previsões indicarem a seca do reservatório para os meses seguintes, em janeiro de 2016, a mesma companhia apresentou novas informações. Desta vez, o nível de volume hídrico de Sobradinho alcançou a marca de 5,1%.