Uma das técnicas empregadas com maior frequência pela indústria alimentícia para conservar os ingredientes por mais tempo é a irradiação iônica. Esse método baseia-se em submeter vegetais, frutas e até mesmo carnes a índices controlados de radiação com raio-X, Césio 197, Cobalto 60 ou ainda isótopos acelerados.
Irradiação de alimentos: benefícios e precauções
A radiação apresenta uma série de benefícios, sendo que o principal deles é a proteção contra insetos e demais pragas. Além disso, como já foi citado, a medida consegue retardar as etapas de amadurecimento e envelhecimento dos tecidos nos alimentos. Como consequência, os itens permanecem frescos e podem ser armazenados por um período mais prolongado. Este processo ocorre porque a radiação torna os átomos instáveis em íons (átomos carregados eletronicamente), evitando que os tecidos estraguem.
Apesar desses benefícios, muitas pessoas e especialistas questionam os possíveis malefícios que esses alimentos podem levar à saúde dos consumidores. Ainda que o procedimento seja classificado como seguro para os seres humanos, a carga de íons que uma única fruta recebe pode ser até 150 milhões de vezes maior do que a quantia envolvida em uma radiografia torácica, por exemplo.
Há também setores que levantam a praticidade dessa ação, trazendo para debate aspectos relacionados aos elevados custos deste tipo de operação e eficiência duvidosa do procedimento. Além disso, por conta dos efeitos dos elementos químicos adicionados e ao maior tempo de armazenagem, o valor nutritivo dos itens pode ficar comprometido. Estima-se a quantidade de vitaminas e proteínas sejam reduzidas em até 90%. Alguns estudos preliminares investigam uma provável relação entre o aumento nos casos de câncer no mundo todo e a radiação.
Este tipo de prática, portanto, é uma solução dispendiosa para lidar com a questão de segurança sanitária, pois foca nos sintomas e não na origem do problema. Um caminho economicamente viável e mais consciente do ponto de vista da saúde seria o cultivo local dos alimentos.
Quais são as regras para a irradiação de alimentos no Brasil?
Desde a publicação da Instrução Normativa nº 9, em 2011, o Ministério da Agricultura reconhece o emprego da radiação ionizante como tratamento fitossanitário. Ou seja, o texto liberou a técnica para a prevenção e disseminação das chamadas pragas quarentenárias. Como resultado, o Brasil ganha força para expandir a venda de frutas para mercados externos mais exigentes.
Tanto a dose de irradiação quanto categoria de alimento devem ser observadas para que não haja prejuízos à saúde da população. Além disso, é preciso estar atento aos efeitos da radiação para o meio ambiente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o processo é visto como seguro e pode resolver a escassez de alimento em várias nações.
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