Em abril de 1986, a explosão do reator nuclear Chernobyl, na cidade de Prypiat (Ucrânia), afetou mais de 600 mil pessoas e destruiu a vegetação e fauna ao redor. Devido ao acidente, o biólogo Timothy Mousseau visita desde 1999 a área conhecida como zona de exclusão para estudar os impactos no local e descobriu algo surpreendente: ainda existem animais morando ali, mas eles sofreram mutações genéticas.
Durante seus experimentos, o biólogo listou diversas espécies de seres vivos, dentre eles, insetos, morcegos, pássaros, aranhas e pequenos roedores. Em dezenas de documento produzidos durante todos estes anos, o Dr. Mousseau e seus colegas cientistas reportaram evidências dos efeitos da radiação: aumento na frequência de tumores e anormalidades físicas como bicos deformados dos pássaros comparado com aqueles de áreas que não estavam contaminadas, por exemplo.
Além disso, outro fenômeno detectado foi a diminuição das populações de insetos e aranhas com a crescente intensidade de radiação.
Entretanto, os relatórios mais recentes do biólogo publicados no mês passado na revista Functional Ecology, trouxeram novidades. Algumas espécies de pássaros parecem ter se adaptado ao ambiente radioativo produzindo altos níveis de antioxidantes como proteção, com menos danos em seu DNA. De acordo com o biólogo, para esses pássaros, a exposição crônica à radiação parece ser uma espécie de “seleção não natural” impelindo a mudança evolucionária.
Os estudos também constataram que ao transformar em íon a radiação, como aquela produzida pelo césio, estrôncio e outros isótopos radioativos, afeta os tecidos vivos de várias maneiras. Uma delas é destruindo os filamentos de DNA. Uma dose bem alta – milhares de vezes maiores do que os níveis normais na floresta – pode causar doenças ou a morte.
Mousseau ainda relatou a adaptação do pássaro tentilhão após o acidente nuclear e concluiu que esta foi uma das espécies que melhor conviveu com as transformações do ambiente, diferente dos pintarroxos, andorinhas.