De acordo com os cálculos do governo, o desmatamento na Amazônia Legal pode aumentar após quatro anos de queda. A projeção previamente estabelecida levou em consideração o período de agosto de 2012 a julho deste ano e revelou um aumento de 20% em relação ao período anterior, o qual suprimiu 4,57 mil quilômetros quadrados de floresta. Até o final de novembro o número oficial será publicado, pois o governo ainda estuda supostos esquemas de desembargo em áreas já protegidas e sem autorização de manejo.
De acordo com a aferição dos satélites do sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o aumento do desmatamento na Amazônia chegou na marca de 35%, de 2012 para 2013. Os satélites mostram que os estados do Pará e Mato Grosso foram os grandes responsáveis pelo desmatamento. No Pará, foram derrubadas mais de 2 mil km² de áreas verdes, ilustrando um aumento de 52%. Já no Mato Grosso, mais de mil km² de florestas foram devastadas, representando 37%.
Em última nota publicada pelo INPE sobre as constatações do satélite Deter, entre os meses de setembro e outubro desse ano, a soma das áreas devastadas representou 598 km². Entretanto, a ONG Imazon apresentou porcentagens ainda maiores. Segundo os satélites da ONG, a derrubada de florestas da região sul amazônica e do Pará atingiram a marca de 92%.
No último balanço apresentado pelo governo federal em 2012, estimava-se reduzir a área de desmatamento na Amazônia a menos de 4 mil km² ao ano, representando uma média de 4% até 2020. Porém, os dados dos satélites não trouxeram resultados promissores sobre as medidas de redução desse impacto ambiental.
Governo investiga desembargos ilegais
Mesmo que metas visem mitigar o desmatamento na Amazônia e dados revelem a imensidão das devastações, o governo tem se preocupado ainda mais com a questão administrativa. De acordo governo federal, alguns servidores do governo supostamente vendem o “desembargo” de áreas, que já haviam sido embargadas pelo órgão ambiental federal, para ruralistas desempenharem atividade agrícola. Estas áreas, no entanto, já se encontravam reservadas por conta das novas reformulações do Código Florestal.
Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon, disse em entrevista ao portal O Globo que acredita que as investigações a respeito devem ser mantidas para evitar a especulação com áreas de fronteira agrícola.