Durante o Ciclo de Conferências, do programa BIOTA-FAPESP Educação, realizado no dia 24 de abril, em São Paulo, o pesquisador José Galizia Tundisi, do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), revelou que o desmatamento aumenta o valor do tratamento da água em 100 vezes. Segundo Tundisi, a degradação das vegetações sobre as bacias hidrográficas têm impacto direto sobre a qualidade da água, afetando o abastecimento humano e os processos naturais.
Debatendo sobre o estudo intitulado de “O papel das florestas ripárias, mosaicos de vegetação e áreas alagadas na proteção de carbono”, o membro do IIE afirmou que a devastação das matas ribeirinhas e próximas de regiões alagadiças acelera a absorção das pluviosidades. Deste modo, sem a filtragem executada pelas plantas, as chuvas são drenadas mais rapidamente, gerando perda da superfície do solo, o que pode alterar as características químicas das águas.
Além disso, atividades como o uso de fertilizantes e pesticidas e criação de gado nas margens dos rios estão aumentando a concentração de nitrogênio, fósforo, metais pesados e outras substâncias tóxicas nos mananciais. Por isso, gotas de cloro não bastam para obter litros de água adequados para consumo, o que seria suficiente em áreas de florestas ripárias protegidas.
“Em locais com vegetação degradada, é preciso usar coagulantes, corretores de pH, flúor, oxidantes, desinfetantes, algicidas e substâncias para remover o gosto e o odor. Todo o serviço de filtragem prestado pela floresta precisa ser substituído por um sistema artificial e o custo passa de R$ 2 a R$ 3 a cada mil metros cúbicos para R$ 200 a R$ 300”, explica Tundisi, afirmando que essa elevação de custos deve ser relacionada aos danos do desmatamento.