“Muitos caminhos para a redução substancial das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) estão disponíveis”, afirma a terceira parte do 5º Relatório de Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Divulgado após a realização de reuniões entre os dias 7 e 12 de abril, em Berlim, na Alemanha, o documento ressalta que “os esforços para diminuir a disseminação de substâncias tóxicas à atmosfera não têm sido suficientes”.
Produzido pelo grupo de trabalho III, do IPCC, o estudo, tem como foco a mitigação do aquecimento global e dos lançamentos GEE, analisando os principais setores da economia, com as áreas de energia, transporte, construção, indústria e agricultura. Deste modo, o levantamento intitulado como “Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change” informa que as dispersões de toxinas cresceram de maneira mais rápida entre os anos 2000 e 2010.
“Há uma clara mensagem da ciência: para evitar uma interferência perigosa no sistema climático, temos que abandonar a maneira como estamos operando”, disse Ottmae Edenhofer, co-presidente do IPCC. A pesquisa indica que um conjunto de tecnologias e mudanças de comportamento pode manter a elevação da temperatura mundial em 2°C até 2100, porém, só uma grande ajuda institucional fará com que o aquecimento global não exceda esse limiar.
Os esforços para diminuir a disseminação de substâncias tóxicas à atmosfera não têm sido suficientes”, aponta IPCC.
Sendo assim, a última etapa do AR5 afirma que, caso a humanidade realmente deseje “segurar” o acréscimo térmico de 2°C no fim do século, as emissões globais de Gases de Efeito Estufa devem ser reduzidas entre 40% e 70% até 2050, e quase zeradas até 2100. Contudo, Edenhofer salienta que todas as formas de mitigar o envio de elementos poluidores para a atmosfera requerem expressivos investimentos, para evitar atrasos e custos adicionais.
Liderada por Edenhofer, Ramón Pichs-Madruga e Youba Sokona, a equipe do IPCC, ligado a Organização Meteorológica Mundial (WMO, sigla em inglês) e ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), diz que a diminuição de emissões geradas pela produção de eletricidade também é uma meta. “Reduzir o uso de energia nos dá mais flexibilidade na escolha de tecnologias de baixo-carbono, agora e no futuro”, explica Pichs-Madruga.
“A terra é outro componente-chave para a meta de 2°C”, garante o relatório, apontando que a desaceleração e o plantio de florestas têm revertido os lançamentos de gases devido ao uso de terreno, assim como o reflorestamento têm sido um meio de neutralização do dióxido de carbono na atmosfera. “Cooperação internacional é a solução para alcançar os objetivos de mitigação”, argumenta o co-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.