Amplamente utilizado na fabricação de materiais para a construção civil ao longo de décadas, o amianto foi colocado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no grupo principal de substâncias cancerígenas. Segundo a entidade, 125 milhões de pessoas estão expostas à substância em todo o mundo e pelo menos 107 mil morrem anualmente de doenças associadas a ela. Exatamente por esse motivo, o amianto já foi banido em mais de 60 países, sendo substituído por fibras menos nocivas à saúde.
No Brasil, porém, a substância ainda é permitida. O país é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador mundial do mineral, com destaque para a variedade crisotila. A maior parte da produção nacional é comercializada internamente principalmente em telhas onduladas, chapas de revestimento, tubos e caixas d’água. Na indústria automobilística, o consumo se concentra em produtos de fricção (freios, embreagens). Em escala menor, é possível encontrar amianto/crisotila em produtos têxteis, filtros, papel, papelão e isolantes térmicos.
O sucesso brasileiro na extração e comercialização, bem como a ampla utilização do amianto por aqui, tem dificultado a aprovação de leis que proíbam definitivamente o seu uso em território nacional. Cinco estados (São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco) criaram leis específicas proibindo a produção e comercialização de produtos com a substância. Mas a aplicação encontra-se suspensa após ação dos produtores de amianto que afirmam que os banimentos estaduais são inconstitucionais. O Superior Tribunal Federal ainda não chegou a uma decisão sobre o assunto.
Sobre o possível impacto no mercado de construção civil, uma vez que parte dos argumentos de produtores de amianto é de que o setor sairia prejudicado, já existem opções de fibras mais sustentáveis e totalmente seguras para à saúde à disposição e em quantidade suficiente para substituir o amianto sem que sejam necessárias grandes adaptações. Estes outros materiais, como o PVC colorido e tipos especiais de cerâmica, contam ainda com a vantagem de serem facilmente recicláveis – o amianto, ao contrário, necessita de um tipo especial de descarte, justamente por conta de suas propriedades nocivas à saúde.