iStockphoto.com / Metaphortography Com o refinamento da tecnologia do Fracking, os custos de extração diminuíram, o que significa uma grande pressão econômica para essa técnica, mesmo com os eventuais riscos.

Um assunto vem sendo discutido na sociedade civil brasileira desde 2003, mas só ganhou força nos últimos meses, devido ao leilão de arremate de 266 blocos exploratórios de petróleo e gás da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Trata-se do Fracking – já proibido em países como Itália, Áustria, Dinamarca e Alemanha – um sistema de fraturamento hidráulico, técnica que implica em perfurar superfícies rochosas e, por meio de jatos de substâncias químicas, fraturá-la para a liberação de gás de xisto.

Especialistas explicam que o gás de xisto só é encontrado em depósitos profundos, por isso a necessidade da injeção com água misturada a mais de 600 substâncias químicas – cancerígenas, tóxicas e radioativas. O problema é que, por causa dessa técnica, o risco de contaminação é iminente: atravessa lençóis freáticos, aquíferos, contamina água, solo e ar.

Interesse pelo gás não é de hoje

Para entender os riscos do Fracking, é necessário voltar aos idos dos anos 2000, quando os Estados Unidos permitiram a extração do gás. Por lá, o boom da técnica exploratória se deu em 2005, quando o governo isentou as empresas de algumas “obrigações” com o planeta. No início, havia muita especulação dos críticos sobre os impactos da técnica no meio ambiente, considerado, sobretudo pelas empresas, exageradas. Mas os problemas apareceram: pessoas começaram a apresentar problemas de pele e respiratórios, doenças relacionadas ao consumo da água e a fauna começou a morrer. Dez anos depois, não existem mais dúvidas que a técnica seja completamente nociva.

iStockphoto.com / ClusterX A diferença entre o Fracking e a perfuração tradicional é que ela consegue acessar as rochas sedimentares de folhelho no subsolo e, consequentemente, explorar reservatórios que antes eram inatingíveis.

Alguns especialistas suspeitam que a exploração do gás não convencional, no Brasil, não seja mais barata que a exploração convencional por conta da técnica, mas o pano de fundo do interesse das empresas pelo gás de xisto pode estar relacionado ao título de país com maior reserva desse recurso da América Latina, concedido pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, em 2013.

Ainda não se sabe quais rumos essa discussão vai tomar, mas grupos como o COESUS – Coalização Não Fracking Brasil – estão unindo esforços de ambientalistas, cientistas, geólogos, hidrólogos, engenheiros, biólogos e gestores públicos para impedir a liberação da técnica.