O comportamento cooperativo entre duas espécies, diferentes ou não, é comum em todos os ecossistemas. Trata-se de uma relação ecológica harmoniosa, em que a cooperação beneficia as duas partes.
Você provavelmente já deve ter visto esta imagem clássica do mundo animal: um crocodilo africano dormindo de boca aberta, à beira do rio Nilo, enquanto o pássaro palito está bem à vontade dentro da boca do réptil, alimentando-se de parasitas e restos de comida. Esta cena é um excelente exemplo de protocooperação entre animais de espécies diferentes.
A protocooperação é uma relação ecológica entre dois indivíduos de espécies, diferentes ou não, que não dependem um do outro para sobreviver, mas que em determinadas situações ambos se beneficiam do convívio ecológico. Alguns biólogos denominam a protocooperação como mutualismo facultativo, enquanto a relação de dependência entre duas espécies recebe o nome de mutualismo obrigatório.
Exemplos de protocooperação
Crocodilo africano e pássaro palito
No exemplo acima, o crocodilo africano não precisa do pássaro palito para sobreviver e vice-versa. No entanto, o pássaro sabe aproveitar os parasitas e restos de alimentos que estão na boca do crocodilo e, com isso, o crocodilo ganha uma limpeza bucal. Ou seja, a relação é benéfica para ambos, embora não seja essencial para a vida desses dois animais.
Caranguejo paguro e anêmona do mar
Ao pegar carona sobre o corpo do caranguejo paguro, a anêmona do mar acaba camuflando esse crustáceo contra os predadores. Como a anêmona possui um mecanismo de defesa próprio, que libera substâncias químicas, o caranguejo fica protegido contra as investidas de seus predadores. Para a anêmona, o transporte gratuito sobre a concha do caranguejo facilita seu deslocamento no fundo do oceano e o acesso a fontes de alimentos.
Anum e bovinos
O anum é uma ave que se alimenta de parasitas como os carrapatos. Como muitos bovinos estão sempre infestados de carrapatos, os anuns prestam um grande serviço, ao se alimentar desses parasitas, deixando esses animais com o pelo livre de carrapatos. Para os bovinos, o carrapato é uma ameaça à saúde, pois esse parasita transmite doenças que podem ser fatais. Portanto, supondo que não haja manejo adequado do gado pelos proprietários da fazenda, a ação do anu-preto é essencial para a saúde e bem-estar desses animais.
O gado precisa dessa “limpeza” toda que a ave o provê. No entanto, não podemos dizer que se trata de uma relação de dependência, uma vez que os carrapatos podem ser exterminados pelos tratadores desses animais (com o uso de veneno específico) e, além disso, se o gado adquirir doenças, a responsabilidade não foi do anu-preto, mas da ação de carrapatos contaminados.