Castigado pelos efeitos cáusticos do verão desde dezembro do ano passado, o estado de São Paulo, em 2014, registrou o mês de janeiro mais quente dos últimos 71 anos, isto é, um recorde desde que as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) foram iniciadas. Além disso, conforme a organização especializada em climatologia, o dia 7 de fevereiro atingiu a mesma marca, tornando-se a data com as temperaturas mais altas no mesmo período. Sofrendo este clima abrasador quase que diariamente, a população tem feito a seguinte pergunta: “por que está fazendo tanto calor?”.
Alguns dos fatores responsáveis pelo intenso aquecimento ocorreram nas estações que antecedem ao verão. Por exemplo, em 2013, o inverno foi consideravelmente seco, fazendo com que a primavera apresentasse menos umidade, o que, consequentemente, causou alterações nas condições atmosféricas durante a época de estio atual. Já a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), sistema climático caracterizado por uma área extensa de instabilidade que provoca chuva e nebulosidade, permaneceu próxima de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Outro aspecto que provocou o afastamento das pluviosidades do território paulista foi o mecanismo de alta pressão subtropical do Atlântico Sul (ASAS), com ventos quentes que oscilam entre o Brasil e o continente africano, que impediu que as frentes frias provenientes do ar polar chegassem ao estado. Desta forma, não houve qualquer tipo de atividade atmosférica com o propósito de resfriamento em São Paulo.
Embora tenha ocorrido fenômenos climáticos, a culpa pelo calor e pela seca não deve ser atribuída somente à natureza, uma vez que o homem tem a sua parcela de responsabilidade. Apesar de não haver nenhum estudo que comprove tal relação, é evidente que a devastação de áreas, exploração excessiva dos recursos naturais e os altos volumes de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) estão deteriorando as defesas da atmosfera e alterando os padrões de cada estação, tornando o planeta mais vulnerável às mudanças climáticas.
Chuvas nos estados de Santa Catarina, Espírito Santo e Rio de Janeiro
Após as ondas de calor, no dia 14 de fevereiro, fortes chuvas atingiram Santa Catarina, fazendo com que as prefeituras de Araranguá, Braço do Norte, Içara, Morro da Fumaça, Passo de Torres e Sombrio decretassem situação de emergência. Seguindo a tendência, o Rio de Janeiro entrou em estágio de atenção no último domingo (16/02), registrando pluviosidades fortes e moderadas. No município de Cariacica (Espírito Santo), as tempestades e enchentes fizeram 21 vítimas fatais em dezembro de 2013.
Altas temperaturas batem recordes no Paraná e Rio Grande do Sul
Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, os termômetros de Curitiba chegaram a 35,5°C na tarde do dia 7 deste mês, configurando um recorde absoluto. Enquanto isso, a cidade gaúcha de Porto Alegre registrou a máxima de 35,9°C, o que fez com que alguns dos profissionais mais afetados pelo calor entrassem em greve, pedindo melhores condições de trabalho e abrandamento da carga horária.