Um grupo de cientistas do Brasil descobriu através de pesquisa o Leopardus guttulus, uma nova espécie de felino que habita o sul e sudeste do país e é muito semelhante a um gato doméstico pequeno. O felino encontrado nesta região possui pelagem com manchas parecidas com as da onça-pintada e possui de 2 a 3 kg. Até o momento acreditava-se que estes animais eram idênticos aos encontrados no nordeste, que habitam áreas abertas, como regiões de caatinga.
O estudo publicado em novembro na revista “Current Biology”, realizado pelo grupo de pesquisadores do Laboratório de Biologia Genômica e Molecular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), liderado por, Eduardo Eizirik, também relatou dois casos de cruzamento entre espécies diferentes de gato do mato brasileiro.
O diretor da pesquisa e sua equipe da área de genética evolutiva de felinos estudam animais de pequeno porte da América do Sul há mais de 20 anos e um dos objetos de pesquisa era o gato-do-mato (Leopardus tigrinus), normalmente presente do nordeste ao sul do Brasil.
A equipe de Eizirik foi a primeira a colher informações e estudar a amostra genética do Leopardus tigrinus do nordeste, que permanecem com o mesmo nome. Ao comparar o material genético de gatos-do-mato das duas regiões, os pesquisadores descobriram que, na verdade, eram duas espécies distintas, portanto, o gato do mato brasileiro, recentemente encontrado pelos estudos, recebeu o nome de Leopardus guttulus.
Estímulo à preservação da espécie
De acordo com a equipe da PUC, o projeto abre diretrizes para pesquisas de diversos campos, da genética à evolução destes felinos, pois muitas informações ainda precisam ser levantadas.
Para Tatiane Trigo, autora chefe do estudo, em entrevista ao jornal O Globo, há necessidade de constatar qual é a alimentação de cada espécie, como se desloca e em qual velocidade. Por isso, todas essas questões são importantes para formar e finalizar um banco de dados.
Eizirik lembra que diversos programas de conservação são direcionados a espécies específicas, como as listas nacionais e internacionais daquelas que são ameaçadas de extinção. Por isso, reconhecer a existência de uma espécie no nordeste e outra no centro-Sul mostra como é preciso integrar as duas espécies a fim de garantir a proteção em um único projeto.