Espécies exóticas invasoras representam uma das maiores ameaças ao meio ambiente, com prejuízos à economia, à biodiversidade e aos ecossistemas naturais, além dos riscos à saúde humana.
É considerada exótica a espécie que está fora de sua área de distribuição natural. Uma parcela pode se proliferar e ameaçar o ecossistema local. Quando isso acontece, elas passam a ser consideradas “espécies exóticas invasoras” e viram sinônimo de problema.
A introdução de espécies exóticas em ambientes naturais pode ocorrer de diversas maneiras. Estão entre os motivos mais comuns o interesse comercial, transporte marítimo, tráfico de animais e transporte involuntário.
Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), as invasões biológicas já são a segunda maior causa de extinção de espécies em todo o planeta, atrás apenas da exploração comercial, que envolve caça, pesca, desmatamento e extrativismo.
Alguns exemplos
O javali é um exemplo de espécie exótica invasora. Causador de prejuízos na agricultura, foi trazido da Europa e do Uruguai para criação comercial nos anos 1990. Depois de os animais fugirem de seus criadouros e, às vezes, cruzando com porcos domésticos criados soltos, deram origem a uma população selvagem de animais.
Outro caso é o pinheiro americano, também trazido ao país por conta de interesses econômicos. A árvore tornou-se abundante nas regiões Sul e Sudeste. Em 2010, em Florianópolis (SC), pesquisadores notaram que os pinheiros que cresciam na região do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição estavam afetando as espécies nativas da restinga, vegetação que predomina na área do parque. Por serem árvores de crescimento rápido, os pinheiros consomem muita água do solo, o que prejudica as outras espécies do entorno.
O pinheiro americano tornou-se invasor porque foi introduzido em ambientes naturais sensíveis e suas sementes espalham-se rapidamente. Por conta da ação do vento, cada semente pode percorrer até 60 quilômetros.
O mexilhão-dourado também é um problema. O molusco de água doce nativo da Ásia foi introduzido no Brasil por meio da água de lastro de navios cargueiro. Ele atrapalha o funcionamento das usinas geradoras de energia elétrica, pois suas colônias atingem densidades de mais de 100 mil indivíduos por metro quadrado e entopem tubulações. Pelo menos 50 hidrelétricas no Brasil já são afetadas pela espécie, segundo relatório do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) divulgado em outubro de 2017. Uma usina de pequeno porte contaminada pelo mexilhão-dourado pode ter um prejuízo diário de cerca de R$ 40 mil.
Conscientização
Pesquisadores salientam a importância de se conscientizar a população sobre o tema, uma vez que cortar árvores estrangeiras, como o pinheiro americano, e caçar animais como o javali não são ações vistas como benéficas.
Você pode executar algumas medidas para combater as espécies exóticas invasoras. Uma delas é, ao ter contato com algum animal silvestre, não toque nem aproxime-se dele, além de não alimentá-lo.
Com relação ao animais de estimação, não os abandone na natureza— nem mesmo os peixes ornamentais.
Ao pescar em águas contaminadas pelo mexilhão-dourado, lave os utensílios com água sanitária.
Não cultive árvores que não pertencem à flora local e, quando for viajar, não traga sementes ou plantas de fora do país na mala.
Nunca utilize substâncias químicas para eliminar espécies invasoras e elimine os focos de água parada que possam abrigar criadouros de mosquito Aedes Aegypti, transmissor de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.