Já há algum tempo o engenheiro florestal Matheus Nunes, doutorando e integrante do grupo de Conservação e Ecologia Florestal na Universidade de Cambridge, tem direcionado seus estudos para regiões hostis da Malásia, com o objetivo de localizar árvores com características elegíveis do título de ser a “árvore tropical mais alta do mundo”.
Desta vez, após enfrentar algumas horas floresta adentro, o pesquisador pode identificar dois exemplares do gênero Shorea com essa qualidade – um com 89,5 metros e o outro 90,6 metros. A dupla descoberta foi muito comemorada pelo brasileiro e pelo pesquisador Alex Shutleworth, que o acompanhou durante essa “aventura” na selva malaia sem ao menos contar com um instrutor local para guiná-los.
David Coomes, líder do grupo que ambos os pesquisadores fazem parte, é responsável por coletar todos os dados levantados no país, usando um dispositivo que faz o sensoriamento remoto de toda área. Através do equipamento, utilizado já há algum tempo para os estudos, identificou-se por outras vezes a possibilidade de existir árvores gigantes na Malásia, motivo pelo qual o grupo manteve seus esforços para localizar novos exemplares.
De acordo com Nunes, a genética da espécie Shorea é a razão pelo qual as árvores se desenvolveram de tal forma – mesmo que não se saiba ao certo o motivo do gênero equivaler ao comprimento de um campo de futebol ou um prédio de 30 andares de altura. Até então, o exemplar que detinha o título de maior árvore do mundo havia sido identificado por um americano em 2007, também nas áreas inóspitas da Malásia, e media um pouco mais de 88 metros.
Atraindo o interesse público com a nova descoberta, o grupo espera agora que a região de Maliau Basin, local onde encontraram-se as árvores, seja conservada e o país receba mais recursos com o objetivo de financiar importantes pesquisas. Com o auxílio do radar sensorial, a expectativa é de que novos focos de carbono sejam mapeados e novas árvores gigantes identificadas.