O derretimento das calotas polares é um dos fenômenos que mais tem causado impacto no imaginário humano, no campo de pesquisas científicas e, obviamente, no clima do planeta. Cada vez mais, estudiosos publicam trabalhos sobre este fator que pode se tornar chave nas mudanças climáticas vistas pelo homem nos próximos anos.
Entre as consequências já conhecidas que irão ocorrer por conta do degelo nos polos, podemos citar o aumento do nível do mar, grandes inundações repentinas e prejuízos potenciais no fornecimento de água para milhões de pessoas.
Um estudo publicado em agosto pela revista Science corrobora com uma das teses que a maioria de nós já imaginávamos. Segundo a pesquisa, o maior responsável pelo derretimento das geleiras nos extremos da Terra é ser humano, por meio da emissão gases do efeito estufa.
O trabalho, realizado por cientistas canadenses e austríacos, aponta que entre 1851 e 2010, de 25% e 35% da perda global de massa nos glaciares pode ser atribuída a causas antropogênicas. Porém, se o escopo for reduzido para o período entre 1991 e 2010, o número salta para a casa dos 69%.
“Encontramos evidências inequívocas de um crescente impacto humano na perda de massa glacial. Os resultados são consistentes com medições do equilíbrio de massa das geleiras”, declarou o climatologista Ben Marzeion, da Universidade de Innsbruck.
A equipe de pesquisadores utilizou o que há de mais avançado em modelagem climática, comparando com resultados de campo para obter o coeficiente da participação humana no degelo dos árticos.
“Podemos colocar inúmeras variáveis no modelo e acompanhar os resultados. Como temos informações concretas sobre a flutuação solar, atividades vulcânicas e sobre o próprio degelo, podemos inserir as variáveis humanas e ver como os resultados se comparam à realidade”, explicou Marzeion.
“O que concluímos é que, até 1950, a perda de massa das geleiras que pode ser atribuída às atividades humanas não é significante, mas que essa porcentagem foi subindo com o passar do tempo. Estamos muito confiantes de que podemos afirmar agora que o fator humano é hoje dominante no degelo”, acrescentou.