A espécie Tapirus Terrestris, a anta, como é conhecida popularmente, consta na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), com o status de “vulnerável” à extinção. No entanto, embora a população destes mamíferos tenha apresentado redução de cerca de 30% nas três últimas décadas, um estudo coordenado pelo paleontólogo Mario Cozzuol e o biólogo Fabrício Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta o surgimento de uma nova raça, a Tapirus Kabomani.
Chamada de “anta-pretinha” por alguns moradores da Amazônia, o espécime recém-descoberto tem pelagem mais escura e possui menor volume corporal, chegando a 110 kg, padrão distinto das espécies comumente encontradas no Brasil, que podem alcançar 1,20 m de altura, comprimento entre 1,80 m a 2,50 m e pesar até 300 kg. “O curioso não é que ninguém nunca tinha visto a anta. Ela estava à vista de todo mundo, mas ninguém acreditava que era algo diferente”, brinca Mario Cozzuol.
Segundo a pesquisa divulgada no Journal of Mammalogy, revista de circulação internacional publicada pela Sociedade Americana de Mamalogistas (organização de profissionais especializados no estudo de mamíferos), a T. Kabomani prefere viver na fronteira entre áreas de matas fechadas e abertas. Apesar de habitarem regiões próximas às raças com maiores estaturas, as antas-pretinhas costumam se agrupar e reproduzir apenas entre os elementos da mesma raça.
Atualmente, a campanha da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB) promove a preservação destes animais, cuja nova espécie tem presença confirmada em Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e Colômbia. Além disso, a descoberta da Tapirus Kabomani renova as esperanças sobre a permanência desta classe de mamíferos na natureza, uma vez que são responsáveis por espalhar sementes pelos terrenos que habitam, contribuindo para a manutenção das florestas e expansão das áreas verdes.