Estima-se que 14 milhões de toneladas de microplásticos estejam neste momento no fundo dos oceanos, de acordo com um estudo pioneiro realizado por uma agência científica australiana.
De acordo com os pesquisadores, o volume de microplásticos no fundo do mar é maior do que o dobro da poluição plástica que se tem na superfície. Para chegar a esses números os pesquisadores utilizaram um submarino robótico para coletar amostras de locais de até 3 mil metros de profundidade, na costa sul da Austrália. Com base nas densidades de plástico descobertas nesta região, os pesquisadores estimaram o volume de microplásticos no fundo do mar em todo o planeta.
A pesquisa foi publicada na revista Frontiers in Marine Science, e os cientistas disseram que as áreas com mais lixo flutuante geralmente têm mais fragmentos de microplásticos no fundo do mar.
Os microplásticos podem ter o tamanho de um grão de arroz ou serem ainda menores, microscópicos, o que torna mais fácil eles serem ingeridos por peixes e outros animais marinhos. Dos plásticos encontrados pelos pesquisadores incluem fibras sintéticas, além de microesferas usadas em cosméticos, pastas de dente e sabão em pó.
A Holanda foi a primeira a proibir microesferas de plástico em cosméticos e produtos de higiene pessoal em 2014, e os Estados Unidos seguiram o exemplo em 2015. Mas muitos outros países ainda permitem o uso.
Frutos do mar com plásticos
Cientistas da University of Exeter e da University of Queensland encontraram vestígios de plástico em quase todas as ostras, camarões, lulas, caranguejos e sardinhas comprados em um mercado na Austrália. Os frutos do mar continham PVC, poliestireno, polietileno e polipropileno, relatou a Universidade de Exeter.
Os testes mostraram níveis de plástico de 0,04 mg por grama de tecido em lulas, 0,07 mg em camarões, 0,1 mg em ostras, 0,3 mg em caranguejos e 2,9 mg em sardinhas, que é o mais alto.
De acordo com o estudo, ainda não é possível ser avaliado com precisão o destino dos microplásticos durante o manuseio e processamento dos peixes e frutos do mar.
Os cientistas acreditam que a contaminação dos frutos do mar e peixes também pode ser proveniente do ambiente ao redor, onde as espécies testadas foram capturadas. É possível que a contaminação também possa ocorrer por partículas transportadas pelo ar, por máquinas, equipamentos, manuseio e o transporte.