Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a cidade de São Paulo teve o mês de janeiro mais quente dos últimos 71 anos, com base nos registros feitos desde 1943. Além disso, a umidade relativa do ar ficou numa média de 20%, clima mais seco apresentado em 30 anos, o que reduziu drasticamente os volumes de chuva no Sudeste e, consequentemente, diminuiu os níveis dos reservatórios do sistema Cantareira, que abastece as regiões de metropolitanas da capital paulista e Campinas.
Ao longo do primeiro mês de 2014, somente cinco datas tiveram temperaturas máximas abaixo dos 30°C e o dia terceiro dia do ano atingiu o pico de 35,4°C. Além disso, a falta de frentes frias, alta pressão do oceano e a ausência de ventos que trazem a umidade da Amazônia prolongaram os períodos de calor e afetaram os índices de pluviosidade característicos de janeiro.
“A relação entre calor e umidade provoca chuvas”, apontou o meteorologista Franco Vilela, do INMET, em entrevista à Agência Brasil. De acordo com o funcionário do Instituto Nacional de Meteorologia, as altas temperaturas aliadas a condições atmosféricas mais úmidas proporcionam evaporação da água e impulsionam a formação de nuvens carregadas de vapor.
Em operação desde 1974, as represas do sistema Cantareira chegaram a 25% de sua capacidade no início de janeiro, o que, até então, era o pior nível de armazenamento dos últimos 10 anos. No ano de 2013, os reservatórios marcavam 52% de seus estoques disponíveis e 69% em 2012, porém, atualmente, diminuíram para 21,7%, isto é, a situação mais crítica em 39 anos.
Para o diretor metropolitano da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), Paulo Massato Yoshimoto, a quantidade de chuva apresentada é a menor desde 1930, uma vez que as pluviosidades de dezembro de 2013 não passaram de 60 mm, enquanto o número mais baixo havia sido 104 mm. Entretanto, Yoshimoto relata que este é um “verão totalmente anormal” e que, segundo expectativas do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), as chuvas deverão ocorrer a partir da segunda semana de fevereiro.
Em estado “preocupante”, segundo a Sabesp, os reservatórios do Cantareira fornecem água para as casas de mais de 8 milhões de moradores da zona Norte, do Centro, pequena parte da zona Leste de São Paulo e 10 municípios da região metropolitana (Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul e parte dos Municípios de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André).
Contudo, no primeiro dia de fevereiro, a Sabesp anunciou que promoverá descontos de 30% para quem diminuir os gastos de água, a meta é utilizar os incentivos econômicos para realizar a manutenção dos níveis de armazenamento das represas. Enquanto isso, para evitar problemas, alguns bairros da zona Leste de São Paulo, como São Miguel Paulista, Vila Carrão e Itaim Paulista, que somam 1,6 milhão de habitantes, estão sendo abastecidos pela bacia do Alto do Tietê.
Embora ainda sejam esperados mais 166 mm de chuvas, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo tem o objetivo de se precaver da escassez de recursos hídricos ou futuros racionamentos e, por isso, abriu uma licitação, através de uma parceria público-privada, para construir uma adutora que buscará água na represa do rio São Lourenço, na bacia do Ribeira do Iguape. Planejada para ser concluída em 2018, a obra deve custar algo em torno R$ 2,2 bilhões e beneficiará mais de 1,5 milhão de pessoas.