Segundo pesquisa da organização desenvolvimentista WaterAid, a quinta maior causa de morte de mulheres no mundo são doenças transmitidas por meio de águas poluídas e falta de saneamento, chegando a matar mais que Aids, diabetes ou câncer de mama. O que causa choque nos dados é o fato de que essas doenças podem ser evitadas apenas com medidas públicas e prevenção.
As enfermidades que ocupam as primeiras posições em causa morte são doenças cardíacas, derrames, infecções das vias respiratórias inferiores e doenças pulmonares obstrutivas crônicas.
De acordo com o estudo, que analisou dados do Instituto de Métricas da Saúde, centro de estudos de Seattle, nos EUA, mais de um bilhão de mulheres, ou uma em cada três em todo o mundo, não têm acesso a um toalete seguro e particular e 370 milhões – uma em dez – não contam com água limpa. Além disso, quase 800 mil mulheres morrem todo ano por não terem acesso à água potável.
Mais de dois bilhões de pessoas passaram a ter acesso à água limpa entre 1990 e 2012, mas quase 750 milhões continuam sem acesso ao que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu ser um direito humano.
A água poluída é danosa em diversos aspectos e prejudica as atividades do dia-a-dia da população. Ela contribui para a contaminação de pessoas que a ingerem ou cozinham alimentos. Também oferece risco a mulheres que precisam ter partos em casa sem acesso à água limpa durante o processo. Os riscos se estendem não somente aos recém-nascidos, mas às crianças que brincam em áreas próximas a esgotos a céu aberto e se banham com águas transmissoras de doenças.
A falta de banheiros privados e seguros coloca as mulheres em situações de vulnerabilidade. Muitas sofrem assédio e abusos sexuais, já que precisam fazer suas necessidades ao ar livre e essa exposição as tornam alvos fáceis em países cuja cultura machista ainda é dominante.
A questão cultural também complica a vida de mulheres que, desde muito novas, acabam sendo responsabilizadas pelos serviços domésticos e pela busca de água em regiões escassas. O trabalho as afasta da escola e ajuda a perpetuar o ciclo de miséria e morte nessas comunidades.
“Esta situação completamente inaceitável afeta a educação, a saúde, a dignidade de mulheres e meninas e, em última instância, resulta em mortes precoces e desnecessárias”, disse a diretora-executiva da WaterAid, Barbara Frost, em comunicado.