iStock.com / wasja Uma das alternativas é pagar ao proprietário de terra para que ele não desmate.

Segundo uma pesquisa realizada Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que sete milhões de hectares de floresta são desmatados por ano em todo o Brasil, acarretando em diversos problemas ambientais, como aumento da emissão de gases de efeito estufa, perda da vegetação e de várias espécies de animais e extinção ou degradação de rios e lagos.

Uma das primeiras florestas que sofreu e ainda sofre com o desmatamento é a Mata Atlântica, que hoje conta apenas com cerca de 7% de sua área original. E para que esse problema diminua, é preciso tomar algumas medidas importantes.

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizaram um mapeamento para verificar os territórios onde se tem os menores custos ou maiores ganhos no sentido de proteger florestas em troca dos serviços que ela presta, levando em conta não só o desmatamento, mas também a biodiversidade para proteção das espécies.

O primeiro passo tomado por eles foi avaliar as melhores oportunidades para aderir ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), quem tem como objetivo central pagar ao proprietário de terra para que ele não desmate ou que ele recupere uma vegetação a fim de preservar os recursos hídricos, absorver o carbono do ar ou evitar a sua emissão e proteger a biodiversidade.

Após a avaliação, eles descobriram que o custo de R$ 5,2 bilhões por ano seria o ideal para zerar todo o desmatamento do Brasil até 2030, lembrando que 20,5 milhões de hectares estariam na linha de corte nos próximos 15 anos, a maior parte no Cerrado. Se isso acontecesse, a emissão de gás carbônico diminuiria em até 5,6 bilhões de toneladas.

Carlos Eduardo Young, coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmou ao site do jornal O Estado de São Paulo: “Nossa ideia com PSA não é combater a agricultura inteligente, de alta produtividade, mas o desmatamento burro, que perde carbono, biodiversidade e água por um retorno muito baixo.”

Segundo cientistas e ambientalistas, a melhor forma de incentivar a preservação das florestas do Brasil é pagar o produtor pelos serviços prestado pela conservação da mata. Esta ação está prevista no novo Código Florestal e se destacou após a Rio+20, conferência que discute sobre a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável. Porém, apesar dos diversos projetos que estão no Congresso sobre o tema abordado, a discussão não teve evolução nos últimos anos.

Isso aconteceu de certa forma por dois motivos: o primeiro porque achavam que seria muito caro pagar para conservar, e segundo porque imaginavam que os custos sairiam todos do poder público. Mas o estudo realizado pela UFRJ mostrou que, dependendo da intenção do PSA, ele pode ser bem mais vantajoso em uma região ou em outra do país, o que possibilitaria em algo bem mais flexível e com o preço muito mais em conta para os projetos.

O estudo tem como mensagem principal que conservar a natureza no Brasil pode não ser tão caro quanto se imagina, desde que se saiba onde fazer. Young ainda complementa essa ideia dizendo: “A mensagem é que vai custar dinheiro, mas existem opções melhores e em troca de grandes benefícios.”