Em 2023, o furto de energia elétrica no Brasil atingiu níveis alarmantes, representando 15,7% do mercado faturado junto aos consumidores de baixa tensão. Esse problema, conhecido popularmente como “gato”, vai muito além de simples ligações clandestinas. Na realidade, ele impacta diretamente o bolso de todos os consumidores, mesmo daqueles que pagam regularmente suas contas.
A cada megawatt-hora furtado, as distribuidoras repassam o custo para os consumidores honestos, resultando em um aumento significativo nas tarifas de energia. Estima-se que esse repasse chegue a 5% do valor total da conta de luz, onerando ainda mais o orçamento das famílias brasileiras.
Além do impacto financeiro, o furto de energia compromete a qualidade do fornecimento, causando quedas de tensão e sobrecargas na rede elétrica, o que pode levar a apagões e danos aos equipamentos eletrônicos dos consumidores. As concessionárias de energia têm intensificado as ações de fiscalização e conscientização, mas o combate efetivo a essa prática ilegal requer o engajamento de toda a sociedade.
As distribuidoras de energia elétrica têm intensificado suas ações de combate ao furto. Em 2023, a Enel São Paulo, por exemplo, realizou mais de 500 mil inspeções e recuperou cerca de 700 GWh de energia, o equivalente ao consumo anual de uma cidade de 300 mil habitantes. No entanto, o problema persiste.
“O furto de energia é um crime que afeta toda a sociedade”, afirma Maria Silva, especialista em regulação do setor elétrico. “Além do impacto financeiro, há riscos à segurança pública, com instalações irregulares que podem causar incêndios e acidentes fatais.”
As autoridades também têm se mobilizado. O Ministério Público de vários estados tem promovido operações conjuntas com as polícias civil e militar para desmantelar quadrilhas especializadas em furto de energia. Em uma operação recente no Rio de Janeiro, 15 pessoas foram presas, incluindo funcionários de uma distribuidora que facilitavam as ligações clandestinas.
Para o consumidor, a orientação é clara: denunciar suspeitas de furto de energia. As distribuidoras mantêm canais de denúncia anônima, e a colaboração da população é fundamental para combater essa prática ilegal que onera a todos.
Enquanto o problema persiste, a conta segue chegando mais cara para quem paga em dia. A solução passa por uma combinação de fiscalização rigorosa, tecnologia avançada de detecção e, sobretudo, conscientização da sociedade sobre os impactos negativos do furto de energia.
Com informações de Revista Exame