As atividades do ser humano têm transformado o meio ambiente, desde paisagens, estoque de recursos naturais, a aspectos relacionados às condições de vida (como qualidade do ar, do solo e das águas). Assim sendo, grande parte destas ações tem influência direta nas populações e comportamentos dos animais, afinal, seus habitats e existência ficam a cargo do Homo Sapiens (nome científico da espécie humana). Contudo, como se toda essa responsabilidade e poder destrutivo não fossem suficientes, a espécie dominante no planeta Terra está modificando a genética de algumas espécies, como ilustra o livro “Raças de Todas as Nações”, escrito por W.E. Mason.
Publicada em 1915, a obra apresenta diversas raças de cães, como o Pastor Alemão, Basset, Boxer, Dachshund e Bull Dog, mas quando comparadas com espécimes das mesmas raças atualmente, as mudanças são notáveis. As imagens contidas nas páginas do volume indicam que os criadores caninos são os principais agentes causadores de tais mutações, no entanto, alguns dos profissionais envolvidos neste ramo alegam que seus experimentos buscam a “melhoria das espécies”.
Embora nenhuma raça de cachorro seja imune às doenças genéticas, as alterações no DNA dos bichos impulsionam o desenvolvimento de diversos malefícios e efeitos colaterais. Por exemplo, o Pug original era mais magro do que o atual, que ganhou peso e, consequentemente, corre grandes riscos de sofrer de problemas cardíacos, respiratórios e de pressão arterial. Já o São Bernardo, passou a ter quantidade exagerada de pele, algo que dificulta a manutenção da temperatura corporal, possibilitando casos de câncer nos ossos e paralisia.
Quanto ao Bull Terrier, os danos foram exacerbados. Anteriormente, tratava-se de um cão de “porte atlético”, contudo, em sua nova versão, o espécime apresenta um abdômen avantajado, crânio irreconhecível, doenças de pele e agitação excessiva. Demonstrando índices de gordura reduzidos no livro de W.E. Mason, o Bull Dog atual teve grande aumento de peso, suscetibilidade a vários tipos de males e vida máxima de 6,2 anos, o que é pouco.
Conforme um estudo publicado no jornal da Biblioteca Pública de Ciência (PLOS, sigla em inglês), a diferença entre os focinhos de formato achatado do Pug e estreito do Basset dependem apenas de um segmento pequeno de genes, ou seja, um exemplo de que a continuação da prática de alterações genéticas pode acarretar deformações e mortes dos animais, ou a proliferação de bichos com condições de vida prejudicadas devido aos experimentos.
Além disso, segundo uma pesquisa da Universidade Durham, na Inglaterra, os inúmeros cruzamentos entre cães tem feito com que as espécies percam os vínculos com seus ancestrais. Portanto, para manter o que resta da biosfera terrestre, é preciso conservar todos os elementos da fauna. A começar pelos cachorros.