Pinguim-gentoo (Pygoscelis papua)
Pinguim-gentoo (Pygoscelis papua).

A Antártida, ilhas subantárticas da Nova Zelândia, América do Sul e Austrália concentram a maior parte das 18 espécies de pinguins existentes no planeta. Os mais conhecidos são o imperador, real, rei, Adélia, macaroni, pinguins-gentoo e pinguins-de-barbicha, e se encontram pelas costas glaciais da Antártica, local de baixas temperaturas e com a maior quantidade de gelo.

Há também os pinguins que não gostam muito de frio, como os africanos, que moram na costa da África e preferem o clima mais quente. Entretanto, todas estas aves sofrem com os impactos do aquecimento global que resultam na transformação do ecossistema e ainda dificulta a busca deles por alimento.

O impacto do aquecimento global

A pesquisa da ONG WWF (Fundo Mundial da Natureza, em inglês), sobre mudanças climáticas mostrou que quatro populações de espécies diferentes desses animais estão ameaçadas de extinção. A quantidade de pinguins-de-barbicha, por exemplo, diminuiu de 30% a 60% em algumas colônias por conta da falta de alimento nas costas glaciais.

O efeito do aquecimento global também se revelou dramático na costa noroeste da Península Antártica, onde as populações de pinguim-de-adélia diminuíram 65% nos últimos 25 anos.

Os pinguins-de-magalhães também são vítimas da redução da população. Localizados na América do Sul, principalmente entre Argentina e Chile, esses animais migram para o litoral do Rio Grande do Sul devido ao encontro das correntes marinhas da região das Malvinas (fria) e a corrente do Brasil (quente).

Pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus)
Pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus).

A grande dificuldade enfrentada hoje por estes animais é a busca por alimento. Por conta do fenômeno El Niño – evento provocado pelo aumento anormal da temperatura da água do oceano pacífico – animais marinhos como lulas, pequenos peixes, krill, sardinha e plâncton, fontes de alimento dos pinguins, acabam migrando para longe da costa em busca de regiões mais frias do oceano. Dessa forma, eles precisam nadar maiores distâncias em busca de comida, se dispersam e chegam debilitados em outras regiões do planeta, inclusive naquelas que não fazem parte de seu habitat.

Em 2012, por exemplo, algumas espécies se perderam nas correntes marítimas do Estreito de Magalhães e chegaram às praias do litoral baiano, muito debilitadas, fracas e mal alimentadas. Dos 15 pinguins encontrados, cinco morreram devido ao estado precário de saúde.

De acordo com Edris Queiroz, diretor Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente, “pinguins preferem o ambiente marinho, mas quando vêm para o litoral, é sinal de problema”, alerta.

Em julho deste ano, 50 pinguins da Patagônia foram encontrados mortos em Santa Catarina, na praia de Bombinhas, também vítimas do aquecimento global que dispersa os peixes e os fazem nadar por muitas horas em busca de comida.

Ameaça às colônias de pinguins

Uma pesquisa realizada por biólogos, em Boston (EUA), e divulgada na revista científica Science News constatou que dez das 18 espécies de pinguins sofrem com a diminuição da população e o fenômeno está ligado à redução das camadas de gelo. Com pouco ambiente para viver e se procriar, os pinguins assistem sua população diminuir e alguns deles migram em busca de mais espaço.

Pinguim-dos-galápagos (Spheniscus mendiculus)
Pinguim-dos-galápagos (Spheniscus mendiculus).

De acordo com o estudo, os animais mais prejudicados pela falta de alimento são os pinguins das Ilhas Galápagos, que sofrem com a dispersão dos peixes da costa e podem ser extintos ainda neste século.

A pesquisa ainda revelou que os pinguins africanos, encontrados na Namíbia e África do Sul, por mais que estejam acostumados a viver no calor excessivo, também foram classificados como aves ameaçadas de extinção devido às em altas temperaturas que provocam a morte de muitos deles, além da mesma dificuldade de alimentação.

O vazamento de petróleo nos oceanos

Além de sofrerem com as mudanças climáticas provocadas pelo Homem, os pinguins também são afetados por desastres como o vazamento de petróleo nos oceanos. O processo de lavagem do porão dos navios petroleiros também libera o líquido viscoso na água e dificulta a locomoção desses animais pelo mar. A substância pode causar intoxicações, desidratação e quadro de hipotermia grave.

A Marcha dos Pinguins

O documentário “A marcha dos pinguins” (2005) mostra o modo de vida dos pinguins imperadores na região da Antártica, abordando todas as fases da vida do animal e, principalmente, a luta pela sobrevivência nas geleiras. O degelo gradativo das calotas polares também está presente, além de outras dificuldades enfrentadas por eles. Assista ao trailer do documentário:

Confira também a galeria de fotos que o Pensamento Verde preparou para você com algumas espécies de pinguins que sofrem com os efeitos provocados pela ação desmedida dos humanos:

Fonte das fotos: liamqcoastalpaleostrangeoneswarriorwoman531webted40325561@N04jad_23
linpadghammarcusborgpixabaybriangratwickehbarrisonfr.wikipedia.