Hidrelétrica
Hidrelétrica de Belo Monte. Foto: campinaonline

O vasto território da Amazônia brasileira, sua impressionante biodiversidade e importância para o equilíbrio ambiental global fazem desta uma das florestas mais famosas de todo o mundo. Suas matas e rios são sinônimo de beleza, variedade e abundância de vida. A preocupação com a preservação, ameaçada pelo gradual desmatamento, também mobiliza entidades nacionais e estrangeiras. Tudo para evitar que se percam espécies de animais e plantas, muitas ainda desconhecidas pelo homem.

Por outro lado, o Brasil cresce economicamente e em população, gerando uma necessidade de criação de maiores e mais eficientes sistemas de infraestrutura. Crescer de forma sustentável e respeitando a natureza é um grande desafio para o nosso país. E parece maior ainda quando nos deparamos com a construção de hidrelétricas. A Amazônia brasileira já conta com 24 hidrelétricas em funcionamento. Seis novas já estão em construção e pelo menos 23 outras fazem parte dos planos do governo para os próximos anos.

Todos estes projetos têm impacto no ambiente local. Um conjunto de sete hidrelétricas planejadas nos rios Aripuanã e Roosevelt, por exemplo, trarão consequências diretas a 12 áreas de conservação de proteção integral e territórios indígenas. Foram justamente os índios, moradores da região do Alto Xingu, que deram visibilidade às dificuldades trazidas pela hidrelétrica de Belo Monte, uma das que estão em construção.

Que o grande potencial hídrico da região Amazônica é um atrativo e tanto não há dúvidas. A grande questão é que, segundo os ambientalistas, mesmo que sejam tomados todos os cuidados, a perda de biodiversidade será brutal. Com o alagamento de grandes zonas, várias espécies terão de migrar ou adaptar-se e não há garantias quanto ao sucesso desta mudança. Nem todas as plantas e árvores poderão ser catalogadas a tempo para a criação de parques botânicos de preservação de espécies.

Obras no Sitio Pimental da hidrelétrica Belo Monte
Obras da hidrelétrica Belo Monte Foto: pacgov

Também os povos indígenas presentes nas terras, ou as populações ribeirinhas que há gerações convivem com a floresta, precisarão se deslocar de forma drástica, desarticulando uma relação harmônica construída ao longo de séculos.

O paradoxo é que, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, metade da energia prevista para entrar no sistema até 2020 está na Amazônia. Seria necessária uma gigantesca mudança de hábito, sobretudo nas grandes capitais brasileiras, para que este aumento de energia elétrica não fosse necessário.