O grande incêndio que atingiu um armazém de açúcar administrado pela Agrovia, empresa de logística, no município de Santa Adélia, São Paulo, no dia 25 de setembro, já destruiu cerca de 30 mil toneladas do produto e causou um prejuízo de R$ 24,8 milhões. A queima do material gerou um melaço que escorreu pela cidade, contaminou o rio São Domingo e matou aproximadamente 5 toneladas de peixes, conforme informações da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e Polícia Ambiental.
Por mais de 70 horas, os bombeiros combateram as chamas do pior desastre da região noroeste do estado paulista nos últimos 30 anos, pois à medida que as labaredas avançavam, as chances de outro armazém desabar aumentavam. Um possível agravamento do incidente colocaria em risco um estoque próximo ao foco do incêndio, com 45 mil toneladas de açúcar, o que fez com que os bombeiros intensificassem os trabalhos para apagar o fogo.
O acidente na estação de transbordo rodoviário deu início uma enxurrada de caramelo – açúcar queimado pelas chamas – que ultrapassou os muros das instalações, interditou ruas e invadiu os quintais das casas. Apesar de terem sido levantadas barreiras e armadas piscinas para evitar que o açúcar adentrasse as residências, devido a medidas de segurança, 17 pessoas foram realojadas em hotéis e casas de parentes.
Com nascente em Santa Adélia, o rio São Domingo, que possui quase 70 quilômetros de extensão e banha também os municípios Pindorama, Catanduva, Catiguá e Uchoa, recebeu 4 milhões de litros de líquido residual do desastre e aproximadamente 400 toneladas de açúcar, criando um pluma sobre o trajeto do córrego, o que reduziu o nível de oxigenação das águas a zero, tornando-as inóspitas aos peixes.
A camada de poluição causada pela queima do açúcar boia de 7 a 10 quilômetros por dia e, durante o último final de semana, chegou ao rio Turvo, elevando a gravidade dos danos, pois, a época de reprodução dos peixes já chegou (piracema), aumentando a quantidade e as atividades dos animais nas águas afetadas.
Enquanto isso, a Polícia Ambiental e a Cetesb, com auxílio de pescadores locais, organizam uma força-tarefa, na tentativa de salvar os cardumes, principalmente de espécies grades, como dourados, para resgatar e colocar os espécimes em tanques d’água com oxigênio. Lambaris e bagres, comuns na região, são tipos menores, dificultando a captura e, consequentemente, o socorro.
De acordo com a Agrovia, o incêndio começou no momento em que uma esteira de descarregamento foi acionada no início do dia. Ainda não é possível calcular o número de peixes mortos e os impactos ambientais resultados do incêndio, no entanto, a empresa de logística se responsabilizou a ressarcir os prejuízos e executar a limpeza das vias. A Defesa Civil acompanha os desdobramentos do caso.