Entre os lugares mais incríveis e perigosos do mundo está o Lago Karachay. Neste local não é altitude, a geografia ou os animais que oferecem risco aos visitantes, mas a radioatividade. O lago foi usado para despejo de resíduos nucleares por décadas e acabou se tornando o lugar mais poluído por radiação no mundo.
Na década de 40, o governo russo decidiu extrair urânio-238 das montanhas ao entorno do Lago Karachay para criar armar nucleares. Em poucos anos, uma cidade secreta foi construída e um enorme reator trabalhava transformando urânio em plutônio. O problema é que ninguém pensou em como se livrar dos resíduos tóxicos. A saída mais fácil foi despejar tudo no Rio Techa, o mais próximo da região, que abastecia dezenas de aldeias.
Ano depois, preocupados com os efeitos da radiação, os soviéticos enviaram pesquisadores para medir a radioatividade do local. Eles descobriram que o rio emitia, por hora, dezenas de vezes mais radiação do que outras áreas com usinas emitiam por ano. Para solucionar o problema, foram criadas barragens que evitavam que água chegasse à população e uma imensa área foi evacuada.
Pouco tempo depois, o governo russo resolveu mudar o local dos despejos, elegendo o Lago Karachay como depósito de seus resíduos nucleares, já que, com a construção da barragem, o lago não abastecia nenhum rio e, por isso, não contaminaria pessoas.
As medidas não fizeram muito efeito, já que os resíduos continuavam a serem despejados na natureza e nada foi feito para limpar o local. Alguns anos depois descobriu-se que as águas do lago vazavam pelo subsolo e em grandes períodos de seca, uma nuvem radioativa se formava.
Uma grande nuvem radioativa se espalhou pela região do lago em 1967, por exemplo, quando milhares de pessoas, em exposição à radiação, foram contaminadas pelo urânio. Nesta época, os casos de leucemia aumentaram 41% na região.
Atualmente, a usina nuclear da região está desativada, mas o Lago Karachay tem um nível de radioatividade de 600 Röntgens, o suficiente para matar uma pessoa em apenas uma hora de exposição. Há ainda consequências mais graves: se algum problema acontecer às barragens do Rio Techa, a radição pode chegar ao Mar Ártico e contaminar até o Oceâno Antlântico, um desastre sem precedentes no mundo.