O impacto das ações humanas na natureza tem causado efeitos drásticos e, muitas vezes, irreversíveis à biodiversidade do planeta. Um dos efeitos permanentes mais preocupantes, a extinção, já atinge uma taxa mil vezes mais alta do que a natural na história da Terra. Diante das proporções alcançadas pelo problema, que coloca em risco a preservação da vida, fez-se fundamental a identificação de áreas prioritárias de conservação ambiental, que ficaram conhecidas como hotspots ecológicos.
Os hotspots, termo criado pelo ecologista britânico Norman Myers em 1988, são regiões geográficas de rica biodiversidade no mundo todo, ameaçadas pela destruição. São áreas que já perderam 70% ou mais de sua vegetação e concentram 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos. Na última atualização feita pela organização Conservation International (CI), em 2005, foram definidos 34 hotspots de biodiversidade, localizados nos quatro cantos do globo.
No Brasil existem dois hotspots: a Mata Atlântica e o Cerrado. Para a conservação destes locais, que sofrem com o desmatamento, exploração ilegal de recursos, mudanças climáticas e outros impactos da atividade humana, foi criado, pelo Ministério do Meio Ambiente, o Projeto de Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade dos Biomas Brasileiros, que reúne especialistas e organizações para a definição das áreas prioritárias e ações de preservação.
A lista inclui outros pontos na América do Sul, como os Andes Tropicais, as Florestas Tropicais de Valdívia no Chile e os Tumbes-Chocó-Magdalena, que abrange partes das florestas do Panamá, Equador, Colômbia e Peru. Os outros hotsposts que completam a seleção podem ser conferidos no site da CI. Abaixo, apresentamos as cinco áreas que ocupam o topo do ranking dos locais com a biodiversidade mais ameaçada no mundo.
Caribe
As ilhas do Caribe concentram uma grande diversidade de ecossistemas, abrigando desde florestas tropicais a semi-áridos. A região possui centenas de espécies ameaçadas, incluindo os mamíferos solenodonte e o crocodilo cubano. As principais ameaças à biodiversidade da área são o desmatamento pela agricultura e a inserção de espécies estrangeiras. Tais ações reduziram sua extensão a 22.955 Km², apenas 10% da área original.
Bacia do Mediterrâneo
Com uma fauna original quatro vezes maior do que a de todo o resto do continente europeu, a Bacia do Mediterrâneo sofre com a redução drástica de seu território – hoje limitado a 4,7% do tamanho original – e com a extinção de espécies endêmicas da fauna e flora. Como um dos principais destinos de férias na Europa, os impactos são decorrentes das ações de desenvolvimento do local, que abriu espaço para resorts e outras estruturas de lazer.
Mata Atlântica
Abrigando originalmente mais de 20 mil espécies de plantas, a Mata Atlântica conta hoje com apenas 10% de seu território original. Mais de 90 espécies estão ameaçadas, incluindo três espécies de micos-leões e seis tipos de aves. Com o crescente desenvolvimento e expansão dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a região sofre com os problemas decorrentes da urbanização.
Chifre da África
Região predominantemente árida, o Chifre da África é conhecido por ser uma rica fonte de recursos biológicos. Essa região abriga mais espécies de répteis do que qualquer outra da África. Atualmente, devido à extração mineral e o desmatamento para pastagem, conta com apenas 5% de sua área original.
Montanhas do sudoeste chinês
Com uma das mais ricas faunas de clima temperado, abriga também uma variedade de espécies vegetais ameaçadas, além de ser um importante celeiro de diversidade genética. Hoje, a região conta com apenas 8% da área original, resultado da extração de madeira e queimadas para a criação de pastos.