O Brasil enfrenta uma crise ambiental significativa, com a perda de 33% de suas áreas naturais até 2023, conforme revelado pelo recente relatório do MapBiomas. Esta redução drástica tem impactos profundos na biodiversidade, no clima e na sustentabilidade do país, afetando todos os biomas brasileiros de maneira alarmante.

A Amazônia emerge como o bioma mais afetado, perdendo 55 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 39 anos, uma redução de 14%. Atualmente, 81% do bioma ainda é coberto por florestas e vegetação nativa, incluindo áreas de vegetação secundária. No entanto, este percentual se aproxima perigosamente do ponto de não retorno estimado pelos cientistas.

O Cerrado, considerado por muitos como um “bioma de sacrifício”, perdeu 27% de sua vegetação nativa, totalizando 38 milhões de hectares. O Pampa também sofreu perdas significativas, com 28% de sua área nativa desaparecendo no mesmo período. O Pantanal, por sua vez, experimentou uma redução drástica em sua superfície de água, passando de 21% em 1985 para apenas 4% em 2023.

A Caatinga e a Mata Atlântica não ficaram imunes a este processo, perdendo respectivamente 14% e 10% de sua vegetação nativa. Estes biomas, juntamente com o Pampa, apresentam a maior proporção de vegetação secundária mapeada em 2023, indicando um processo de regeneração em áreas anteriormente degradadas.

Causas e consequências da perda de áreas naturais

A expansão das áreas de pastagem e agricultura é apontada como o principal fator para a redução das áreas naturais. Desde 1985, houve um aumento de 79% na área utilizada para pecuária e de 228% para plantio. Esta expansão desenfreada tem consequências graves para o equilíbrio ecológico e climático do país.

Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, alerta para o aumento dos riscos climáticos decorrentes desta perda de vegetação nativa. A diminuição das áreas naturais impacta negativamente a dinâmica do clima regional e reduz a proteção contra eventos climáticos extremos.

A nível estadual, apenas o Rio de Janeiro registrou um aumento na área de vegetação nativa. Estados como Rondônia, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins sofreram as maiores reduções, com quedas variando entre 24% e 34%.

Atualmente, Amapá, Amazonas e Roraima mantêm as maiores proporções de vegetação nativa, enquanto Sergipe, São Paulo e Alagoas apresentam os menores índices.

Este cenário de perda generalizada de áreas naturais no Brasil demanda ações urgentes e efetivas de conservação e restauração. É crucial que políticas públicas sejam implementadas para frear o desmatamento, promover o uso sustentável dos recursos naturais e incentivar a regeneração de áreas degradadas. Só assim será possível reverter esta tendência alarmante e preservar o patrimônio natural brasileiro para as futuras gerações.

Com informações de: G1