Completar os 42 km de uma maratona já não é tarefa fácil, imagine correr esta distância respirando um ar extremamente poluído. Foi o que sentiram os mais de 25 mil participantes da 34ª Maratona Internacional de Pequim, no último dia 19. Além de tênis e roupas indicadas para atividades físicas, outro acessório muito utilizado foram máscaras para se proteger da neblina de poluição mais de 15 vezes superior do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
As partículas de PM2.5, que chegam aos pulmões, estavam em níveis maiores a 400 microgramas por metro cúbico em alguns bairros da capital chinesa no momento da prova. O nível máximo diário recomendado pela OMS é de 25/m³.
Mesmo com a embaixada americana classificando o ar como “perigoso”, a organização da prova se negou a transferir data do evento, com a explicação de que haviam contratado mais profissionais de saúde e que pelo menos a metade dos competidores viria de outros países.
As partículas inaláveis de poluição presentes no ar atrapalham a saúde à medida que entram no corpo pelos pulmões, podendo ainda chegar à corrente sanguínea. No momento da prova, as condições poderiam ser consideradas insalubres, uma vez que o nível de poluição colocava em risco a saúde de seres humanos expostos a ela por mais de 24 horas.
“Quando vi o estado da minha máscara depois de dez quilômetros percorridos, eu disse a mim mesmo ‘isso é demais'”, disse Chas Pope, corredor britânico de 39 anos. “Foi muito ridículo. Supõe-se que a corrida seja saudável”, finalizou.
Atualmente, a China passa por um grave problema de poluição do ar. Com uma economia em pleno crescimento, a produção de energia à base da combustão de carvão é usada em larga escala, fonte de eletricidade ecologicamente incorreta.
A China admitiu no início deste ano que as suas cidades não estavam conseguindo seguir os padrões de poluição, e anunciou vários planos para limpar o ar. Para reduzir a poluição e combater as alterações climáticas, no entanto, o país terá de parar de usar carvão, de acordo com um estudo conduzido pelo Centro para as Alterações Climáticas, Economia e Política do Reino Unido e o Instituto de Pesquisa Grantham sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente.