Embora o Governo do Rio de Janeiro tenha apresentado a meta de concluir a erradicação de todos os seus lixões municipais até 2014, no Morro do Vidigal, zona sul da cidade, membros de uma comunidade local decidiram agir por conta própria, sem esperar a iniciativa estadual, e transformaram um local, anteriormente usado como depósito irregular de resíduos, numa área de proteção ambiental, o Parque Ecológico do Sitiê.
Indevidamente utilizado como aterro sanitário desde a década de 1980, o espaço, com cerca de 40 mil metros quadrados, chamou as atenções de Mauro Quintanilha, Paulo César de Almeida e Thiago de Sousa. Desde 2005, o trio conduz o projeto de limpeza e manutenção do terreno, assim como cultivo de horta e árvores frutíferas de forma orgânica. “A gente tirava um pouco de lixo em um dia e os moradores jogavam mais ainda no dia seguinte”, diz Paulo Cesar, relatando as dificuldades enfrentadas no começo da ação.
Apesar das complicações iniciais, os rapazes seguiram com os trabalhos de recolhimento de sujeiras, reflorestamento e difusão de educação ambiental. Numa tentativa de eliminar o hábito que os moradores do Vidigal tinham de poluir o ambiente, Mauro, Paulo e Thiago começaram a plantar em cada área que recolhiam lixo, ação que começou a sensibilizar a população. Além disso, os criadores da iniciativa ecológica passaram a distribuir os produtos cultivados no espaço, como fruta, legumes e vegetais, à comunidade local.
Com essas atitudes, nos últimos oito anos, aproximadamente 16 mil toneladas de resíduos sólidos já foram retiradas da região. “Foram décadas de poluição. É um trabalho que não acaba. Todo dia a gente ainda tira lixo”, conta Thiago de Sousa, gerente do parque. Assim sendo, para reaproveitar o material coletado no antigo lixão, pneus estão sendo usados para montar escadas e vasos de plantas.
Atualmente, existe grande volume de detritos espalhados pelo terreno, no entanto, otimista, o trio projeta desenvolver uma oficina de reciclagem, sala de alfabetização, biblioteca e escola de gastronomia no local. À medida que a ideia já está elaborada e em progresso, resta aos órgãos públicos dar apoio ao Parque Ecológico do Sitiê, nome que mistura as palavras “sítio” e “tiê” (pássaro da floresta).