Em 1895, o escritor Rudyard Kipling deu início à produção da primeira parte do “Livro da Selva”, narrando as aventuras de um menino criado por lobos e outros animais da floresta. No entanto, distante dos contos literários e, mais precisamente, situada no continente africano, Tippi Degré pode ser creditada como responsável pela conclusão da obra. Afinal, a menina cresceu em meio a bichos como leões, elefantes, avestruzes e cobras, fato que rendeu a ela o título de “Mogli da vida real”.
Nascida em 1990, Tippi conviveu principalmente com um elefante de 28 anos, de nome Abu, que chamava de “irmão”, um leopardo carinhosamente apelidado de “J&B”, girafas, zebras e sapos. A curiosa relação de amizades da garota, essencialmente, foi motivada pela profissão de seus pais, Alain Degré e Sylvie Robert, fotógrafos que, a serviço da National Geografic, atuavam na Namíbia.
Durante os 11 anos em que passou na África, a criança esteve na companhia dos mais diversos animais selvagens, desde os menores e pacíficos até os grandes predadores. Entretanto, nem as presas afiadas, nem os bichos de tamanhos avantajados pareceram amedrontar Tippi, já que a menina foi fotografada em vários momentos de descontração, como nas ocasiões em que estava banhando e montando elefantes, acariciando leões e leopardos, abraçando um grande sapo e beijando um camaleão.
Além de confraternizar com os elementos pertencentes à fauna, Tippi Degré também se enturmou com algumas comunidades residentes na Namíbia, oportunidades nas quais foi clicada aprendendo a utilizar arco e flecha e a fazer as pinturas corporais, características da cultura dos habitantes da região. Após o período em que viveu na selva, Tippi se mudou para Paris, na França, juntamente com seus pais, para dar sequência aos estudos, uma vez que, quando mais jovem, recebeu somente aulas domiciliares.
Aos 16 anos a garota recebeu um convite do Discovery Channel para retornar ao lar de seus “amigos de infância”, no intuito de auxiliar na elaboração de um documentário sobre sua história. Contudo, as experiências vivenciadas pela menina transcenderam os vídeos do canal e, por isso, também foi produzida uma obra literária intitulada de “My book of Africa”. Atualmente, com 23 anos, Tippi estuda cinema na Universidade Sorbonne Nouvelle.
“Eu falo com eles em minha cabeça, ou através dos meus olhos, do meu coração ou da minha alma, e eu sei que eles entendem e me respondem”, diz Tippi num trecho de sua biografia audiovisual. Com carinho, atenção e respeito, a menina nem precisou frequentar a escola para ensinar que a humanidade ainda pode conviver bem com os animais.
Confira como era a relação da “menina Mogli” com os animais selvagens africanos:
Fotos: Alain Degré e Sylvie Robert