Imagine saborear um delicioso presunto ibérico, conhecido mundialmente por seu sabor único e importância cultural. Agora, imagine que esse sabor característico possa estar ameaçado pelas mudanças climáticas. É exatamente isso que produtores como a Cinco Jotas, na Espanha, estão enfrentando.
O impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos
As condições meteorológicas, como temperatura, umidade e chuvas, desempenham um papel crucial no sabor dos alimentos que consumimos. Com as mudanças climáticas, esses fatores estão sendo desestabilizados, afetando não apenas a quantidade e a qualidade dos alimentos, mas também seu sabor.
No caso do presunto ibérico, os porcos precisam se alimentar de nozes e gramíneas específicas para desenvolver o sabor característico. No entanto, ondas de calor e secas cada vez mais frequentes estão reduzindo a produção desses alimentos naturais, ameaçando a qualidade do presunto.
O terroir: muito além do vinho
O termo francês “terroir” é comumente usado para descrever como as condições ambientais afetam o sabor do vinho. Mas esse conceito se aplica a muitos outros alimentos. O solo, os fungos, a temperatura, a umidade e até mesmo as pragas influenciam os compostos químicos responsáveis pelo sabor dos alimentos.
Kathryn De Master, cientista da Universidade da Califórnia, explica que o terroir também engloba as práticas sociais envolvidas na produção de alimentos, como os métodos tradicionais de cura do presunto ibérico.
Desafios para produtores ao redor do mundo
Produtores de diversos alimentos, desde ostras na Carolina do Norte até chá na China e queijo na Europa, estão enfrentando desafios similares. As mudanças climáticas estão alterando a salinidade da água, a temperatura e a umidade, afetando diretamente o sabor e a qualidade dos produtos.
Essas mudanças têm repercussões sociais e econômicas. Produtores de chá, por exemplo, estão tendo uma redução de 30% a 50% em sua renda devido à qualidade inferior das folhas durante a estação das monções.
Um futuro incerto para o sabor
Diante desse cenário, o futuro do sabor dos alimentos é incerto, especialmente para pequenos produtores. Alguns estão buscando alternativas, como o cultivo em águas mais profundas para ostras ou a seleção de árvores mais resistentes para a produção de nozes.
Apesar dos desafios, há esperança. Como afirma María Castro Bermúdez-Coronel, da Cinco Jotas, “a natureza se adapta a tudo. Ela se transformará, mas se adaptará. A natureza sempre se adapta às novas mudanças”.
Com informações de National Geographic