O Saara, maior deserto quente do mundo, está passando por um processo de “esverdeamento” que pode ter consequências significativas para o clima global. Este fenômeno, que ocorre há milhares de anos com variações na intensidade, está novamente chamando a atenção dos cientistas devido ao seu potencial impacto nas condições climáticas de diversas regiões do planeta.

Um estudo recente, publicado na revista Climate of the Past, utilizou simulações de modelos climáticos para analisar o impacto deste processo de “esverdeamento” do Saara nas latitudes médias durante o Holoceno médio. Os resultados indicam que o fenômeno pode influenciar a circulação atmosférica no hemisfério norte ao longo de todo o ano.

As projeções apontam para mudanças climáticas significativas em várias regiões. A Escandinávia e a América do Norte podem experimentar condições mais quentes e secas. Na Europa Ocidental, os invernos tendem a ser mais frios e os verões mais quentes. A Europa Central deve enfrentar um aquecimento geral, enquanto o Mediterrâneo pode se tornar mais frio e chuvoso. Na Ásia Central, os modelos preveem invernos mais quentes, verões mais frios e um aumento geral nas precipitações ao longo do ano.

Os pesquisadores também identificaram alterações na Oscilação do Atlântico Norte, um fenômeno que influencia os padrões de temperatura e precipitação nos continentes próximos. Essas mudanças são atribuídas a variações na pressão do nível do mar na superfície ao longo da bacia do Atlântico Norte.

No passado, o “esverdeamento” do Saara causou modificações que perduraram por milênios. Isso se deve a uma redução significativa nas emissões de poeira e a uma diminuição no albedo da região, o que intensificou o aquecimento tropical. Além disso, a presença de mais vegetação aumentou a reciclagem de água, ajudando a manter as condições de seca sob controle.

Este estudo ressalta a complexidade das interações entre os ecossistemas terrestres e o clima global. O “esverdeamento” do Saara, embora possa parecer um fenômeno positivo à primeira vista, tem o potencial de desencadear uma série de mudanças climáticas em escala global, afetando temperaturas, padrões de precipitação e circulação atmosférica em diversas regiões do planeta.

Com informações de: Olhar Digital